"2005, ano bem complicado para se fazer um balanço. O finado ministro Rogério Magri diria que é um ano imbalançável."
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Poesia, Psicologia, Psicanálise, Psicologia Analítica, Astrologia, Ciência, Música, Fotografia, Artes, Mitologia, Dança, Sonhos e Reflexões...
É, teria sido melhor se eu tivesse realmente ido para Bora-Bora. Infelizmente, fiquei aqui. Uma situação engraçada neste fim de ano: muita coisa para pensar e no entanto, pouca vontade de escrever. Talvez de tudo isso emerja uma nova e importante conclusão, alguma maneira inovadora de lidar com as coisas. E é pra isso que 2006 está aí.
Enfim. Enquanto eu não volto, fiquem com todos os meus agradecimentos dos presentes recebidos em 2005: o relacionamento renovado com a minha família, todos os novos e também os velhos amigos, algumas reaproximações que foram mais do que importantes para mim, e - oras bolas - algumas vezes também um afastamento que é sinal de alguma maturidade. Tudo o que eu aprendi, tudo o que vivi, e as risadas que dei (e em 2005 não foram poucas!). E para completar, o meu pedido para 2006, que é na verdade a minha oração de todos os dias:
"Para 2006 peço sabedoria e força, para aceitar e enfrentar aquilo que estiver reservado para mim: que venham as alegrias que houver, as tristezas que eu tiver de ter, a companhia que me couber; e que eu aprenda o que eu puder."
“Porque tenho saudade
de você, no retrato,
ainda que o mais recente?
E porque um simples retrato
mais que você, me comove,
se você mesmo está presente?”
Cassiano Ricardo
“Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E tenho de fechar meus olhos para ver-te!”
Mário Quintana
É meu amigo,
e se queixa
de não estar sendo visto com clareza,
de se sentir pressionado
a responder a irreais expectativas
sobre ele pousadas.
É meu amigo, e se queixa
de que nós, as meninas,
não vemos senão ilusão.
É meu amigo, e percebo
que a elas também não vê claramente
a não ser quando elas se vão.
É, meu amigo...
A mim, igualmente, vês mais nítida
aquela que fui
do que esta que sou.
Mas meu olhar, agora cubista,
o dos múltiplos espelhos,
quer te ver por todos os lados:
os lados novos, e os velhos.
E aprendi, meu amigo,
a te amar em tua humanidade
exercida, por vezes,
à imagem e semelhança de Deus;
e outras tantas
a partir da prerrogativa do erro.
E é, meu amigo,
exatamente assim que te vejo.
Antes de iniciar este post, quero esclarecer um ponto de extrema importância: eu não faço resenha. Ainda que o Jorge[1] possa discordar, o fato é que eu deixo os posts recheados de pensamentos e opiniões e revisões críticas para outros tantos blogs por aí, porque este aqui não é um blog de raciocínio. Este é um blog de sentimento. Eu venho aqui para me emocionar com as minhas dores e alegrias, e espero que os meus eventuais leitores também me visitem para sentir comigo. Inclusive, tomo a liberdade de “consertar” Shakespeare na frase tema deste blog:
“Vem, sinta aqui ao meu lado, e deixa o mundo girar.”
Isto posto, vamos ao post.
A trilha sonora do meu 2005 foi o 2º. CD do Sun Walk & Dog Brothers, “To Change the Things”, pirateado por mim no final do ano passado em um episódio que inclusive foi o tema de um post muito do mal-educado (tenho a dizer em minha defesa que o CD era “incomprável” na época pois estava esgotado. Depois de furar a minha cópia de tanto ouvir, e quando o relançaram, comprei um de verdade e pude finalmente tê-lo autografado. Já quanto ao post mal-criado... bem, falta de educação não se justifica, mas se explica).
O CD em questão foi ouvido à exaustão porque ele “conversava” comigo. Minhas 2 músicas favoritas foram o fundo musical das minhas grandes conquistas (faixa 7: To Change the Things) e dos meus grandes fracassos (faixa 4: Incomprehension – que eu carinhosamente chamo de “música para suicídio”).
Conto isso motivada pelo fato de que, conforme anunciado em garrafais letras azuis aqui no blog, no final de semana que passou eles fizeram um show aqui em São Carlos, e um pré-lançamento do novo CD, “Blues to Feel Good”. Ouvindo “Happiness” e “A New World is Coming”, me veio a vontade, para variar, de dar uma olhada no que anda dando certo em minha vida. E a primeira coisa que me veio à cabeça – entrando certamente por meus ouvidos – foi a descoberta, neste ano, dessa paixão pelo blues. Descobri em 2005 que este é um estilo musical que é sempre capaz de melhorar o meu humor (mesmo quando às vezes o gaitista pisa na bola! *risos*), ainda que muita gente considere o blues um estilo meio simplório, e ainda mais que às vezes eu mesma concorde com isso. Mas estive pensando e acho que é justamente dessa simplicidade que eu gosto. Combina comigo, com as coisas que eu faço, combina com a minha poesia. E é como eu acho que a felicidade tem que ser: simples.
Fazendo aqui a minha retrospectiva 2005, e os meus votos para 2006, espero conseguir fazer com que o 3º. CD seja a trilha sonora do ano que vem. E que 2006 (ano em que escaparei dos “inta” pela última vez) seja um ano de simplicidade. O ano da “simples-idade”. Assim seja. E muito blues para vcs!
[1] Professor de Ciências Sociais para Psicologia. Resenhei um texto do Mauss como trabalho final para a disciplina dele este semestre...
Enquanto eu tento acabar com esse fim de semestre,
e sobreviver à prova de neurofisiologia etc etc etc,
fiquem com uma musiquinha que me tem feito companhia:
So Unsexy
Alanis Morissete
Oh these little rejections how they add up quickly
One small sideways look and I feel so ungood
Somewhere along the way I think I gave you the power to make
Me feel the way I thought only my father could
Oh these little rejections how they seem so real to me
One forgotten birthday I'm all but cooked
How these little abandonments seem to sting so easily
I'm 13 again am I 13 for good?
I can feel so unsexy for someone so beautiful
So unloved for someone so fine
I can feel so boring for someone so interesting
So ignorant for someone of sound mind
Oh these little protections how they fail to serve me
One forgotten phone call and I'm deflated
Oh these little defenses how they fail to comfort me
Your hand pulling away and I'm devastated
When will you stop leaving baby?
When will I stop deserting baby?
When will I start staying with myself?
Oh these little projections how they keep springing from me
I jump my ship as I take it personally
Oh these little rejections how they disappear quickly
The moment I decide not to abandon me
Não demores muito mais, amor, dentro de mim.
Quando eu voltar quero a sala vazia
As portas fechadas do meu camarim,
E nenhuma lembrança que fale de ti.
Esta noite, anuncies, não haverá espetáculo.
Desço as cortinas, esvazio o palco.
Com um pouco de pó, disfarço minha mágoa,
E faço uma máscara para minha dor.
Tranco a magia no silêncio de um verso,
E em seus bastidores me faço um imenso deserto.
Sobre o tablado da casa tão conhecida,
Sou estrangeira inundada de incertezas,
E roubada de fantasias.
Derramo-me em uma fogueira estéril
Que descolore a chama retinta.
Expando-me de dentro de um abraço solitário
Que brevemente contém as memórias gritantes
As quais me convertem em momento, narração brusca.
Rompo e a esse lugar não pertenço mais!
No desfecho do ato, apanho meu caos
Estancando minhas tempestades.
Desboto a pintura que recobre meu corpo,
E trajo a minha própria nudez.
(Roberta Akemi Saito)
"Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, acorda."
C. G. Jung
"Sonhar é acordar-se para dentro."
M. Quintana
"O brasão possui no seu escudo um ramo de café, que representa a principal atividade de radicação da família no Brasil; nesse ramo, os quatro grãos de café simbolizam as quatro famílias originadas pelos filhos de Luigi e Pierina. A cor de fundo do escudo é marrom avermelhado e simboliza a terra onde prosperaram as sementes de café e de onde se obteve, por muitos anos, o sustento da família.
A inscrição LP se refere às iniciais de Luigi e Pierina, o casal que deu origem ao clã. O nome da família está escrito abaixo do escudo, em cor branca, simbolizando a paz. Os laços existentes atrás do escudo representam o vínculo entre os familiares, e as cores verde, vermelho e branco remetem às três cores da bandeira italiana, país de origem da família."
“quem me dera ter o som”
Mote de Marcelo Gilge
Comprei ontem uma antologia poética do Vinícius de Moraes, em comemoração ao meu primeiro dia de férias. Que doce surpresa encontrei enquanto “namorava” o livro! Trazia algumas poesias do livro “A Arca de Noé”. Num instante fui transportada de novo para a minha infância. De repente me lembrei de que quando era pequena eu tinha um (ia falar CD, mas naquela época...) tinha um LP da Arca de Noé que eu escutei praticamente até furar (e quem me conhece nem duvida de que eu sou capaz! hehe) Descobri de repente que ainda me lembro perfeitamente das melodias, e das letras, que delícia! “Lá vai São Francisco / pelo caminho / de pés descalços / tão pobrezinho (...) dizendo ao vento / bom dia amigo / dizendo ao fogo / saúde irmão”. E me dei conta de que o Vinícius me acompanha (ou seria eu quem o acompanha?) desde pequenina... e ai, quanto Vinícius eu li na adolescência, quantos sonetos... e hoje em dia ainda a poesia dele fala comigo, vai no fundo do peito e da alma... tem uma, linda, linda, que fala da sombra, dessas coisas que a gente tem dentro e até se assusta (próximo post, prometo)... e tem essa que eu postei hoje que me faz pensar em gente querida...
"Atualmente, vem crescendo o consenso, muito lentamente, de que a Física Quântica não está completa, a menos que concordemos que nenhum fenômeno é um fenômeno a menos que seja registrado por um observador, na consciência de um observador. E isso se tornou a base da nova ciência. É a ciência que, aos poucos, mas com certeza, vem integrando os conceitos científicos e espirituais.
Não há dúvida que a Matemática Quântica é muito capaz, muito competente, e ela prevê o desenvolvimento de ondas de possibilidades, a matéria é retratada como ondas de possibilidades. O modo como elas se espalham é totalmente previsto pela Física Quântica. Mas agora temos probabilidades de possibilidades. Nenhum evento real é previsto pela Física Quântica. Para conectar a Física Quântica a observações reais: não vemos possibilidades e probabilidades, na verdade vemos realidades. Esse é o problema das medições quânticas. E luta-se com esse problema há décadas, como eu já disse, mas nenhuma solução materialista, uma solução mantida dentro da primazia da matéria foi bem sucedida. Por outro lado, se considerarmos que é a consciência que escolhe entre as possibilidades, teremos uma resposta, mas a resposta não é matemática. Teremos de sair da matemática. Não existe Matemática Quântica para este evento de mudança de possibilidades em eventos reais, que os físicos chamam de ‘colapso da onda de possibilidade em realidade’. É essa descontinuidade do colapso que nos obriga a buscar uma resposta fora da Física. O que é interessante é que se postularmos que a consciência, o observador, causa o colapso da onda de possibilidades, escolhendo a realidade que está ocorrendo, podemos fazer a pergunta: qual é a natureza da consciência? E encontraremos uma resposta surpreendente. Essa consciência que escolhe e causa o colapso da onda de possibilidades não é a consciência individual do observador. Em vez disso, é uma consciência cósmica. O observador não causa o colapso em um estado de consciência normal, mas em um estado de consciência anormal, no qual ele é parte da consciência cósmica. Isso é muito interessante. O que é a consciência cósmica diante do conceito de Deus, do qual os místicos e teólogos falam?"
"Um homem com um relógio pode dizer as horas; um homem com dois já não tem certeza"
(Gabriela Mezzacappa)
"Jung criou o termo sincronicidade para designar “a coincidência no tempo de dois ou mais acontecimentos não relacionados causalmente, mas tendo significação idêntica ou similar, em contraste com sincronismo, que simplesmente indica a ocorrência simultânea de dois acontecimentos”. A sincronicidade, portanto, caracteriza-se pela ocorrência de coincidências significativas. (Nise da Silveira – Jung: Vida e Obra)"
Estou voltando de um período de “calmaria compulsória”, no qual fui jogada à força por uma gripe que me deixou absolutamente prostrada por quase 24 horas ininterruptas. Sem levantar da cama nem pra comer... Logo eu, que estava aprendendo a contemplar a calmaria, descobri que só observar não adianta. Se alguém aqui dentro resolve que você vai aprender a viver a calmaria com tranqüilidade, ao invés de com aquela mistura de tédio e ansiedade, bem... você vai aprender a viver, meu amigo, não é só ficar olhando não... Mas de qualquer forma, olha só o que eu achei na minha volta:
Calmaria de Tatiana: o post que vocês podem ler logo aqui abaixo.
Calmaria de Gabriela: outro post sobre a calmaria de uma poetisa que eu adoro
(com uma coincidência paralela: a menina sobre a lua, Karina)
Calmaria de Simone: uma leitora nova que deixou um comentário num post aqui embaixo, e que, para a minha surpresa, tem um blog chamado “Qualquer Calmaria”
Ele gritou comigo:
- Porque foi que você disse a ele que estava apaixonada?! Porque foi que você fez isso?!
Primeiro, foi aquele susto. Eu nem sabia que ele já sabia. Meu cérebro encharcado em álcool tentando entender a súbita e áspera informação nova. E ele continuava:
-Me diz porque foi que você fez isso!!
Não tinha outra explicação:
-Bom, eu falei porque era verdade...
Eu tentei explicar que eu não queria que nada disso tivesse acontecido, que eu tentei lutar contra aquele sentimento, que eu não queria ter envolvido ninguém naquela história, e muito menos que ele tivesse ficado sabendo daquilo por qualquer outra pessoa que não fosse eu... Mas eu não conseguia me explicar, nem ele me entender:
-Eu não entendo você, eu não entendo o que você faz, eu estou cansado de ficar tentando adivinhar o seu blog!!
Outro susto. Já tinha falado pra tanta gente que o que eu mais gostava naquele relacionamento era que eu sempre tinha tido a liberdade de expressar tudo o que eu sentia... Nunca antes tinha falado tanto sobre os meus sentimentos a respeito de uma pessoa para a própria pessoa. Realmente, metade do que está no meu blog é sobre ele, mas toda vez que eu postava sobre ele, mandava um email avisando: "postei sobre você, vai lá ver".
Até que eu disse:
-Me apaixonei porque ele esteve comigo esse tempo todo, do meu lado... você me abandonou, me deixou, não entendo até hoje porque foi que você de repente parou de falar comigo daquele jeito...
E ele me disse que teve medo. Que viu todo mundo que estava lá traindo todo mundo que ficou aqui. E que não acreditou que eu ia conseguir. Que acabou se convencendo disso, e desistiu. E que quando ficou sabendo que eu estava apaixonada por outra pessoa, pensou: "Eu sabia que isso ia acontecer!"
Foi daí que EU entendi... O problema não era ele não me entender. O problema era ele não me acreditar. Não acreditou quando eu disse que iria esperar por ele. Não acreditou que o que eu falei sobre os meus sentimentos era exatamente o que eu sentia por ele (pelo menos, até a medida em que me é dado saber isso. Nem sempre a gente sabe o que sente). Não acreditou que quando eu disse que estava apaixonada é porque eu estava, que não já jogo, não há manipulação... Somente há sentimentos fora do meu controle e, muitas vezes, fora do meu entendimento...
Ele vai ler isso aqui. Primeiro, vai falar que não gritou. Segundo, vai ficar se perguntando: "Meu, essa menina não sabe quando chega a hora de abandonar um assunto?" Daí talvez fique tentando imaginar aonde é que eu quero chegar com tudo isso... Eu acho engraçado: eu SÓ me fodo, mas neguinho ainda acha que eu sei o que estou fazendo. Eu não tenho escolha: só posso ir vivendo a vida do jeito que ela vai aparecendo para mim. Ele não vai responder, no que eu acho que talvez ele faça bem. Ou não.
E eu? Eu vou tocar a vida em frente. Vou prosseguir levando um pouco de tristeza, porque eu também meti os pés pelas mãos muitas vezes nessa história; um pouco de alívio, porque pude finalmente entender muito do que aconteceu; um pouco de pesar, porque fiz outras pessoas sofrer; um pouco de paz, por saber dentro do meu coração que apesar de tudo de ruim que aconteceu eu ainda consigo ver coisas boas em todo mundo que fez parte dessa história. E mesmo que ninguém acredite em mim, vou prosseguir levando o meu amor confuso, palerma e abestalhado pra quem quiser e puder receber...
"Um dia triste,
Toda fragilidade incide
E o pensamento lá em você
E tudo me divide..."
(Djavan)
"A tua solidão
com a minha
é uma multidão".
(Gustavo)
É. Eu admito que talvez devesse, mas confesso, não sei tudo sobre mim ainda não. Aqui vai um pouco do que eu já descobri até agora: sou uma ex-arquiteta, professora de inglês praticante, e atualmente aluna do curso de psicologia que se encontra totalmente apaixonada e envolvida pelo assunto! Adoro escrever, principalmente poesia, mas não me atrevo a me denominar poetisa – ainda! Bailarina de dança do ventre já tem uns 4 anos, tocadora de caixa na bateria da Federal (ainda não tem 4 aulas...), praticante de ioga (adoro um incenso, um óleo, um cheiro...) , totalmente viciada em livros e em chocolate!
Sou calma, muito carinhosa, apegada à minha família e aos meus amigos (faço coleção; tem uns que eu guardo há 10, 15, 20 anos...), bastante sociável – adoro uma bagunça, uma balada, qualquer coisa que junte gente – mas também tenho meus momentos de necessária solidão (ou solitude, como diria a minha mãe, pra escapar do termo pejorativo). Me considero uma boa ouvinte, e sou muito bem humorada: pode contar comigo pra rir de qualquer coisa, até de mim mesma! Procuro me situar em algum lugar entre a vaidade e o conforto, mas eu confesso que fico confortável se estiver me sentindo bonita mesmo que não esteja conseguindo respirar muito bem! Da mesma forma, acho mais importante ser feliz do que ter razão, mas fico bem contente quando percebem que eu estou certa! hehehe... Excessivamente autocrítica: muito mais exigente comigo mesma do que com os outros (na verdade, com os outros sou super condescendente, o que também não é bom).
Tenho a espiritualidade como uma questão presente mas que se manifesta de muitas formas diferentes. Vejo Deus naquilo que me traz paz, e que vem pra mim nas mais diversas maneiras: numa missa, numa aula de yoga, no meio do mato, dentro da cachoeira, andando de bicicleta, numa noite fria e estrelada... Ainda estou “procurando a minha turma” nesse quesito, mas comecei a freqüentar um centro espírita e estou acreditando que pode estar aí. Aliás, mato pra mim é fundamental. Sou muito urbana, mas preciso sentar na grama (mesmo que coce), ouvir o barulho do vento nas árvores, ver a água correndo ou simplesmente parada refletindo o céu, preciso regularmente de um horizonte verde e distante pra me reequilibrar.
No momento estou à procura de uma companhia pra dividir uma certa garrafa de vinho que o meu irmão me trouxe da Argentina, mas há certos pré-requisitos a se cumprir. Entretanto, não há pressa; afinal, o vinho só melhora com o tempo...
(poeminha do Carlos Drummond de Andrade em homenagem a um acesso de irreverência que eu presenciei este final de semana! :-) )
Primeiramente, perdão pela grosseria do título. Mas é que o tema permite uma certa irreverência. Hoje eu quero falar do humor. Quero falar dessa capacidade que a gente tem, a gente precisa ter, de rir de nós mesmos e das nossas pequenas tragédias cotidianas. E, porque não, das grandes tragédias também...
Tudo o que é trágico é também um pouco cômico. A desgraça sempre tem um jeito meio abobalhado, meio atordoado, atrapalhado, cínico e desengonçado de acontecer. No meio do drama a gente se consola dizendo que um dia ainda vai rir de tudo aquilo. Pois eu acho que o barato mesmo é começar a rir imediatamente, intercalar o choro com o riso, e não perder nem um bocado do prato que a vida nos dá pra provar (adoro aquela cena de Harry e Sally quando ela está chorando porque o Joe vai se casar, e o Harry faz uma piada... é ótima a performance da Meg Ryan rindo e chorando ao mesmo tempo!).
Velório da minha tia. O obituário dizia assim: “Morre Amália Maziero. Deixa as irmãs Armelinda (in memorian), Rosalinda (in memorian), casada com Israel (in memorian), Mafalda, casada com Ernesto (in memorian), Palmira, casada com não sei mais quem, in memorian, in memorian....” Meu irmão leu aquilo e soltou: “É, tá mais pra encontra as irmãs....” E rimos! Afasta a dor? Ah, quem dera, quem dera... Mas nos faz lembrar que a gente ainda está vivo, e que a vida é boa, e que é por isso que vale a pena ficar triste quando alguém se vai.
Outro dia, na revista Veja, a Lia Luft escreveu citando alguém que dizia pra ela que em certos momentos da vida é o humor, mais que o amor, que nos salva. Eu vou mai longe. Tem uma frase do Roberto Freire que diz que é o amor, e não a vida, o contrário da morte. É baseada nessa frase que eu solto a minha máxima sobre o assunto: “É o humor, e não a vida, o contrário da morte”.
Quando sucumbi aos seus cabelos macios,
Quando seu olhar me invadiu e me fez negra
Quando desejei ser sombra para ser sua...
Quando cada instante parecia triste
E quanto à solidão, dizíamos: é tudo que existe!
Quando chorei duplamente, por mim e por você...
Quando vi seu mundo com meus olhos,
Quando renasci, mais inteira e mais bela,
Quando você foi você, eu fui eu, e tudo foi nada,
Bem, respirei o teu suor...
Bem, me perdi na tua boca...
Bem, reencontro eminente
Que não seja um tiro no escuro
Mais um passo em falso no abismo,
Que seja eu a te guiar agora,
Na simplicidade e na pureza do meu riso!
(Lindo. E pra quem quiser mais, Fotolog da Gabi, aí do lado)