28.12.05

+ 2005

Faço minhas as palavras do Marcelo Tas:
"2005, ano bem complicado para se fazer um balanço. O finado ministro Rogério Magri diria que é um ano imbalançável."


(para ler o Blog do Tas, clique aqui)

27.12.05

Férias



É, teria sido melhor se eu tivesse realmente ido para Bora-Bora. Infelizmente, fiquei aqui. Uma situação engraçada neste fim de ano: muita coisa para pensar e no entanto, pouca vontade de escrever. Talvez de tudo isso emerja uma nova e importante conclusão, alguma maneira inovadora de lidar com as coisas. E é pra isso que 2006 está aí.

Enfim. Enquanto eu não volto, fiquem com todos os meus agradecimentos dos presentes recebidos em 2005: o relacionamento renovado com a minha família, todos os novos e também os velhos amigos, algumas reaproximações que foram mais do que importantes para mim, e - oras bolas - algumas vezes também um afastamento que é sinal de alguma maturidade. Tudo o que eu aprendi, tudo o que vivi, e as risadas que dei (e em 2005 não foram poucas!). E para completar, o meu pedido para 2006, que é na verdade a minha oração de todos os dias:

"Para 2006 peço sabedoria e força, para aceitar e enfrentar aquilo que estiver reservado para mim: que venham as alegrias que houver, as tristezas que eu tiver de ter, a companhia que me couber; e que eu aprenda o que eu puder."

20.12.05

Prefácio e Poema

“Porque tenho saudade
de você, no retrato,
ainda que o mais recente?
E porque um simples retrato
mais que você, me comove,
se você mesmo está presente?”
Cassiano Ricardo

“Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E tenho de fechar meus olhos para ver-te!”
Mário Quintana

É meu amigo,
e se queixa
de não estar sendo visto com clareza,
de se sentir pressionado
a responder a irreais expectativas
sobre ele pousadas.
É meu amigo, e se queixa
de que nós, as meninas,
não vemos senão ilusão.
É meu amigo, e percebo
que a elas também não vê claramente
a não ser quando elas se vão.

É, meu amigo...
A mim, igualmente, vês mais nítida
aquela que fui
do que esta que sou.
Mas meu olhar, agora cubista,
o dos múltiplos espelhos,
quer te ver por todos os lados:
os lados novos, e os velhos.
E aprendi, meu amigo,
a te amar em tua humanidade
exercida, por vezes,
à imagem e semelhança de Deus;
e outras tantas
a partir da prerrogativa do erro.
E é, meu amigo,
exatamente assim que te vejo.

19.12.05

Ainda Retrospectiva 2005

"Mas o mais importante não é a arquitetura. O mais importante é a vida, os amigos."
Oscar Niemeyer

5.12.05

RETROSPECTIVA MUSICAL 2005

Antes de iniciar este post, quero esclarecer um ponto de extrema importância: eu não faço resenha. Ainda que o Jorge[1] possa discordar, o fato é que eu deixo os posts recheados de pensamentos e opiniões e revisões críticas para outros tantos blogs por aí, porque este aqui não é um blog de raciocínio. Este é um blog de sentimento. Eu venho aqui para me emocionar com as minhas dores e alegrias, e espero que os meus eventuais leitores também me visitem para sentir comigo. Inclusive, tomo a liberdade de “consertar” Shakespeare na frase tema deste blog:

“Vem, sinta aqui ao meu lado, e deixa o mundo girar.”

Isto posto, vamos ao post.

A trilha sonora do meu 2005 foi o 2º. CD do Sun Walk & Dog Brothers, “To Change the Things”, pirateado por mim no final do ano passado em um episódio que inclusive foi o tema de um post muito do mal-educado (tenho a dizer em minha defesa que o CD era “incomprável” na época pois estava esgotado. Depois de furar a minha cópia de tanto ouvir, e quando o relançaram, comprei um de verdade e pude finalmente tê-lo autografado. Já quanto ao post mal-criado... bem, falta de educação não se justifica, mas se explica).

O CD em questão foi ouvido à exaustão porque ele “conversava” comigo. Minhas 2 músicas favoritas foram o fundo musical das minhas grandes conquistas (faixa 7: To Change the Things) e dos meus grandes fracassos (faixa 4: Incomprehension – que eu carinhosamente chamo de “música para suicídio”).

Conto isso motivada pelo fato de que, conforme anunciado em garrafais letras azuis aqui no blog, no final de semana que passou eles fizeram um show aqui em São Carlos, e um pré-lançamento do novo CD, “Blues to Feel Good”. Ouvindo “Happiness” e “A New World is Coming”, me veio a vontade, para variar, de dar uma olhada no que anda dando certo em minha vida. E a primeira coisa que me veio à cabeça – entrando certamente por meus ouvidos – foi a descoberta, neste ano, dessa paixão pelo blues. Descobri em 2005 que este é um estilo musical que é sempre capaz de melhorar o meu humor (mesmo quando às vezes o gaitista pisa na bola! *risos*), ainda que muita gente considere o blues um estilo meio simplório, e ainda mais que às vezes eu mesma concorde com isso. Mas estive pensando e acho que é justamente dessa simplicidade que eu gosto. Combina comigo, com as coisas que eu faço, combina com a minha poesia. E é como eu acho que a felicidade tem que ser: simples.

Fazendo aqui a minha retrospectiva 2005, e os meus votos para 2006, espero conseguir fazer com que o 3º. CD seja a trilha sonora do ano que vem. E que 2006 (ano em que escaparei dos “inta” pela última vez) seja um ano de simplicidade. O ano da “simples-idade”. Assim seja. E muito blues para vcs!



[1] Professor de Ciências Sociais para Psicologia. Resenhei um texto do Mauss como trabalho final para a disciplina dele este semestre...

2.12.05

Enquanto eu tento acabar com esse fim de semestre,
e sobreviver à prova de neurofisiologia etc etc etc,
fiquem com uma musiquinha que me tem feito companhia:

So Unsexy
Alanis Morissete


Oh these little rejections how they add up quickly
One small sideways look and I feel so ungood
Somewhere along the way I think I gave you the power to make
Me feel the way I thought only my father could

Oh these little rejections how they seem so real to me
One forgotten birthday I'm all but cooked
How these little abandonments seem to sting so easily
I'm 13 again am I 13 for good?

I can feel so unsexy for someone so beautiful
So unloved for someone so fine
I can feel so boring for someone so interesting
So ignorant for someone of sound mind

Oh these little protections how they fail to serve me
One forgotten phone call and I'm deflated
Oh these little defenses how they fail to comfort me
Your hand pulling away and I'm devastated

When will you stop leaving baby?
When will I stop deserting baby?
When will I start staying with myself?

Oh these little projections how they keep springing from me
I jump my ship as I take it personally
Oh these little rejections how they disappear quickly
The moment I decide not to abandon me

27.11.05

Acasomancia

Assisto com um susto e um salto
à explosão para o alto
de tudo o que eu pensava saber.
Perplexa, vejo à minha volta chover
idéias e medos.
Sonhos, projetos e apegos
caem desordenados pelo chão.
Minhas certezas, não sei onde estão.
Em desalento procuro ao redor:
aqui, memórias; ali, um carinho maior...
São partes de mim espalhadas,
milhares de mim, variadas,
um espelho em cacos,
trechos, pedaços, nacos,
versos aleatoriamente jogados.
Tudo aquilo que antes fôra
meticulosamente arrumado
jazia agora no piso.
E eu, entre o choro e o riso,
notei que talvez houvesse, afinal
um tanto de ordem no caos,
algum sistema escondido,
uma forma qualquer de sentido,
à espera de ser descoberto.
Foi assim, de tanto mirar o errado,
que acabei enxergando o que é certo.

(Pra pensar:

Bom ou Mau?
Quando se está só
em meio à escuridão
qualquer vagalume é uma luz.)

24.11.05

4º. Sanca Blues Festival

Dia 03/12 - Noite do Blues

21h - Nuno Mindelis
abertura: Sun Walk & Dog Brothers

Ingressos à venda no Sesc São Carlos

Espia aí do lado as bandas de blues que eu recomendo e imagina só o que eu achei desta combinação!!!!!

21.11.05

Dois Poemas de Adeus

Você, que me ensinou a ser poeta,
me ensine agora a ser sozinha,
pois eu não quero mais viver nesta orfandade
que é ser sem você.
Você, que é pai de toda a poesia que há em mim,
me ensine agora a perambular sem destino
por estas ruas de nomes sem sentido
deste lugar onde você não está.
A cada vez que você se vai
morre em mim algo de mágico,
e a tua existência é só partida,
nossa vida é só de adeus...

* * *

Sem teu manto
sou tão
sem sentido...
Sinto muito;
muito
sentimento.
Sem ti, minto:
eu consinto
em ser sem ti;
consentimento
com sentimento
mas sem sentido.
Sem ti
sou somente só.
Sou só semente,
sem muito.
Só, somente.

19.11.05

Em Cartaz

Não demores muito mais, amor, dentro de mim.
Quando eu voltar quero a sala vazia
As portas fechadas do meu camarim,
E nenhuma lembrança que fale de ti.
Esta noite, anuncies, não haverá espetáculo.
Desço as cortinas, esvazio o palco.
Com um pouco de pó, disfarço minha mágoa,
E faço uma máscara para minha dor.
Tranco a magia no silêncio de um verso,
E em seus bastidores me faço um imenso deserto.
Sobre o tablado da casa tão conhecida,
Sou estrangeira inundada de incertezas,
E roubada de fantasias.
Derramo-me em uma fogueira estéril
Que descolore a chama retinta.
Expando-me de dentro de um abraço solitário
Que brevemente contém as memórias gritantes
As quais me convertem em momento, narração brusca.
Rompo e a esse lugar não pertenço mais!
No desfecho do ato, apanho meu caos
Estancando minhas tempestades.
Desboto a pintura que recobre meu corpo,
E trajo a minha própria nudez.

(Roberta Akemi Saito)

14.11.05

Soneto da Perdida Esperança

Perdi o bonde e a esperança.
Volto pálido para casa.
A rua é inútil e nenhum auto
passaria sobre o meu corpo.

Vou subir a ladeira lenta
em que os caminhos se fundem.
Todos eles conduzem ao
princípio do drama e da flora.

Não sei se estou sofrendo
ou se é alguém que se diverte
porque não? na noite escassa

com um insolúvel flautim.
Entretanto há muito tempo
nós gritamos: sim! ao eterno.

(Carlos Drummond de Andrade)

O que eu mais gosto em poesia é que por mais dramático e paranóico que você seja, sempre consegue a companhia de algum grande poeta. Olha só, o Drummond também acha às vezes que essa maluquice toda da vida deve ser alguém lá em cima tirando uma com nossa cara...

9.11.05

Inventário

Amor maternal,
amor de amigo,
amor de brinquedo,
amor escondido,
amor em segredo,
amor já vivido,
amor de parente,
amor de verdade,
amor de colega
de qualquer idade
é amor disfarçado
em ser amizade.
Amor no começo,
no meio, no fim.
Amor renascido:
meu amor por mim.
Amor esquecido,
relembrado depois.
Amor engraçado
que é o amor de nós dois.
Amores paternos
(o real e o emprestado)
amor que não tenho:
o de namorado.
Amor companheiro,
amor de irmão,
com cumplicidade
e competição.
Amor ideal -
amor de Platão.
Amores que tive,
amor que terei,
amores possíveis
e o amor que inventei.
Inventário de amores
que já conheci;
uma vida de amores,
o amor que aprendi.

7.11.05

Sobre Viver e Sobreviver

Eu respondo levando a sério
quando a vida brinca comigo.
Se ela me faz de palhaça,
eu a faço de circo.

Eu respondo encarando
quando a vida trapaceia comigo.
Se ela muda as regras do jogo,
eu mudo de jogo e me vingo.

Eu respondo crescendo,
quando a vida me faz de inimigo.
Se estamos as duas em guerra,
transformo ela mesma em abrigo.

4.11.05

Percepção

Não penses que a tua dor
Passou despercebida;
Eu a notei.
Esperei que te fosses e depois
Num poema
A eternizei.

(Yara Sylvia)

3.11.05

Check Up


Acabei de dar um check-up na situação
O que me levou a reler "Alice

no País das Maravilhas"
Já chupei a "Laranja Mecânica" e lhe digo mais
Plantei a casca na minha cabeça
Acabei de tomar meu Diempax,
Meu Valium 10
E outras pílulas mais
Duas horas da manhã, recebo no peito
Um triptanol 25
E vou dormir quase em paz

E a chuva promete não deixar vestígios...
E a chuva promete não deixar vestígios...
E a chuva promete não deixar vestígios...
E a chuva promete não deixar vestígios...

(Essa vai pra quem pediu "toca Raul", hehehehehe... e também pra quem já passou uma noite sombria, sabendo que um Valium, um Diempax, e outras pílulas ainda não seriam suficientes para se dormir em paz...)

1.11.05

Pero que las hay... las hay!

Em homenagem à noite das bruxas mais metafísica de toda a minha vida, uma frase do Quintana e uma do Jung:

"Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, acorda."
C. G. Jung

"Sonhar é acordar-se para dentro."
M. Quintana


30.10.05

"Ai de mim,(...)
Eu venho sempre à tona de todos os naufrágios!"

(Mário Quintana - A Carta)

26.10.05

Queria trazer para ti
uns versos lindos.
Mas trago apenas as mãos vazias,
a alma nua,
e um tanto de esperança,
que, pouco a pouco,
vai tomando a forma do teu rosto.

(Inspirado por uns versos do Quintana que já inspiraram outros versos...)

20.10.05

Eu podia mato,
ficar assim toda verde
e sentir menos desarmonia.
Eu podia cinza,
ficar assim toda pedra
e sentir menos dúvida.
Eu podia rio,
ficar assim toda solta
e sentir mais humanidade.
Eu podia ficar assim só verdade,
me mover assim tipo deusa
e me sentir menos nua.


(Fátima Furtado)

18.10.05

Soneto de Êxtase

Por detrás daquele véu
nuvioso, ela me via
enquanto eu encarava o papel
procurando uma poesia

que pudesse imortalizar
o que, até então, somente ela sabia:
que houvera um brilho em teu olhar,
e momentos de magia;

que houvera música no ar,
e uma luz se acendera no breu
dissipando toda a treva;

e que estivéramos ambas a brilhar:
ela, lua, nua no céu,
eu, tua, nua na terra!

14.10.05

"Viver é estar no mundo,
às vezes na tona,
às vezes no fundo."
(Olegario Schimitt)

9.10.05

Tímida Intimidade

A tua presença premente
povoa de medo e desejo
a minha solidão.
Temo essa vida doente,
esse viver de quem mente
a seu próprio coração.
Não quero acordar, de repente,
pacificamente domada;
dos meus sonhos não posso abrir mão.
Mas não quero seguir pela estrada
completamente sozinha; então
talvez te peça para ser paciente,
para ser simples, para ser persistente,
para ser novo, ou se não, diferente
até eu ter a coragem de, contente,
deitar na tua a minha mão.

(Essa é para ser lida ao som de "O Último Romântico", do papa do pop existencial, o poeta Lulu Santos. Ah, esses Lulu Santos...
E para quem não se lembra:

"Faltava abandonar a velha escola,
tomar o mundo feito coca-cola,
fazer da minha vida sempre o meu passeio público,
e ao mesmo tempo fazer dela o meu caminho só, único.
Talvez eu seja o último romântico
nos litorais desse Oceano Atlântico.
Só falta reunir a zona norte, a zona sul,
iluminar a vida já que a morte cai do azul.
Só falta te querer, te ganhar e te perder,
falta eu acordar,
ser gente grande pra poder chorar.
Me dá um beijo e então
aperta a minha mão.
Tolice é viver a vida assim,
sem aventura.
Deixa ser pelo coração
Se é loucura, então melhor não ter razão" )

6.10.05

Maré Alta

Te querer...
e te temer...
te querer...
e te temer...

Quebram nas praias do peito
as ondas da emoção.
Eu assisto 'a beira-mar
a subida da arrebentação.

Te querer...
e te temer...
te querer, te querer...
e te temer...

Subitamente me dou conta
de não estar com os pés no chão
mas sim em mar aberto
numa pequena embarcação

te querer, te querer...
e te temer...
te querer, te querer, te querer...

2.10.05

"Hoje de manhã saí muito cedo,
Por ter acordado ainda muito mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer...

Não sabia que caminho tomar
Mas o vento soprava forte,
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.
Assim tem sido sempre a minha vida, e assim quero que possa ser sempre -
Vou onde o vento me leva e não me deixo pensar."

(Mais uma do Alberto Caieiro. Essa vai carinhosamente de presente pro Marcelo, pra coroar aquela nossa conversa sobre estar disponível para as coisas que a vida nos oferece... Aprendendo a ser pétala flutuando ao vento, folha sendo levada rio abaixo!)

1.10.05

"Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhaninha cedo, pela estrada,
E que para de onde vem volta depois,
Quase à noitinha, pela mesma estrada.

Eu não tinha que ter esperanças - tinha só que ter rodas...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelos brancos...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.

Ou então faziam de mim qualquer coisa diferente
E eu não sabia nada do que de mim faziam...
Mas eu não sou um carro, sou diferente,
Mas em que sou realmente diferente nunca me diriam."

(Alberto Caieiro)

27.9.05

Quando as nossas inseguranças são tantas
fica difícil reconhecer a coisa certa
a se fazer. São possibilidades inúmeras:
uma multidão de portas abertas.
Construímos planos e estratégias - castelos
baseados na forma dura, na linha reta.
Acreditamos que a razão
Vai nos mostrar a saída correta.
Mas a vida, para além de qualquer plano
e à revelia de nossas metas
Se constrói por si mesma
E no final, sem saber, a gente acerta.

(Dedico este poema à Raquelzinha, minha coabitante, que nesse momento é alguém tentando fazer a coisa certa)

Em homenagem a um final de semana surpreendente, aqui vai um pedacinho de música:


"It's so nice,
I wanna hear the same song twice..."

24.9.05

My Babe Plays the Blues

I don't know if my babe loves me
Right now I haven't got any clues
I don't know if he ever thinks of me
All I know is he plays the blues

I don't know what my babe likes
Is he as interesting as he looks?
I don't know if he'll ever call me
All I know is he plays the blues

I don't know if my babe is sweet
If he's as caring as he should?
I don't know if my babe is hot
All I know is he plays the blues...

(Essa é para ler ouvindo blues. De preferência, um bem animado e alto astral!)

20.9.05

Passo à Frente

Estou adiante apenas um passo
mas deixei finalmente para trás
tudo aquilo por que passei.
Passo a passo: é como eu vivo.
Estando mais leve, abro os braços:
em breve ensaio meu vôo de pássaro.

15.9.05



É fogo!

versão: "eu só sei lê só as figura!"


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É fogo!

Falando-te de igual para igual, protesto
contra a ignóbil atitude que tiveste
(atitude esta fraca e previsível, igualmente)
de decidir ignorar-me
pois, ao fazê-lo, acendeste
a ígnea ira que, em meu peito ardente,
transforma-me em ignara fera ignívoma.

Desejaria antes a ignorância de tal ignomínia
a esta pira de ódio a me incender a alma!



(esta é só para quem tem dicionário! hehehehehe...)

10.9.05

Luto para Enterrar esse Luto

Amigos,
Façamos silêncio
Em respeito à alma que vela o seu finado amor.
Amigos,
Postemos somente a página branca
Em memória ao vazio onde antes era cor.
Amigos,
Ouçamos à distância
O uivo dos ventos gelados de inverno, o uivo de dor.

Celebremos a hora morta.

Ah,
se pelo menos o defunto também ficasse quieto!

4.9.05

À Esquerda

(verdadeiras metáforas mais que verdadeiras)


O meu olho esquerdo é míope;
três vezes mais míope que o direito.
E enxergar com clareza sentimentos
é três vezes mais difícil que pensamentos.

Frequentemente meu pé esquerdo inflama:
os ligamentos reagem ao impacto com o chão.
E minhas emoções às vezes também se ferem
no impacto do contato duro com a realidade.

Meu seio é volumoso;
é difícil ouvir meu coração.
E meu impulso de nutrir os outros é tão grande
que mal ouço minhas próprias necessidades.

1.9.05

"Pouco me importa.
Pouco me importa o que? Não sei: pouco me importa"

(Alberto Caieiro)

28.8.05

Ambivalente

Você,
que me violenta com delicadeza,
que me dilacera a carne com doçura,
que me estrangula a alma com palavras doces,
que me abandona permanecendo presente,
que me despreza atenciosamente,
que me aperta a garganta com mão suave,
que me sangra o ventre e me ampara,
que me esmaga cuidadosamente,
que me esquece oferecendo o ombro amigo,
que me aniquila com dedicação,
vá com cuidado pro inferno,
que eu te odeio com todo o meu carinho.

26.8.05

Não quero falar, nem escrever.
Não quero ver,
nem saber o que me toca.
Não quero pensar nos olhos, nem na boca,
nem naquilo que me falta.
Se me salva, ou se me mata,
Não quero saber. Eu tento
esquecer a dor e o desalento.
Não quero falar do que se passa.

Eu só quero que caia sobre o mundo
um silêncio de crepúsculo, de sepulcro,
uma escuridão de nunca e fundo,
um vazio.
Antes era tudo.
Agora é nada, negro, mudo.

25.8.05

Às vezes a gente pensa que tá sendo original, e depois acaba se lembrando de onde foi que veio tanta originalidade....

Autopsicografia

(Fernando Pessoa)


O poeta é fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.


E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.


E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

23.8.05

Eu sou essa névoa de alma dura
capaz de sentir a dor que é tua
e sofrer por ela como se não fosse a minha...
Esta noite eu sonhei contigo e, no meu sonho, você estava em toda a parte. Você era a carne crua, a água morna, um desconhecido, parte de mim, uma bandeja, um pavilhão, um velho amor, um novo amigo, um chuveiro,um telefone. E no meu sonho eu te encontrava, te comprava, te agredia, te ligava, te mergulhava, te buscava, te cobria, te acalmava, te flutuava, te perdia, te adentrava...

Você me afogava,
eu te sobrevivia.

19.8.05

Eu acho que vi um gatinho...

:D
Tenho um certo pânico de cachorros, mas adoro gatos. Sempre quis ter um, bem manhoso, pra me fazer companhia, cafuné e carinho. Imaginava o meu gatinho um daqueles alaranjados, com o olho verde, e ia botar nele o nome de Michel, que parece nome de gato, parece "Miau"... Mas uns problemas "operacionais" me impedem de ter um gato aqui no apartamento (é o gato, ou a Quel, e sabe, né... ela dá menos despesa! hehehehehe). Mas agora dei um jeito de ter o meu gatinho: espiem lá embaixo no blog! O Michel vai ficar sempre aqui, vai receber todo mundo quando eu não estiver, e ele é muito brincalhão! Adora perseguir o cursor do mouse ou quando a gente brinca com ele com aquelas traquitanas que aparecem naquela janelinha do lado da cesta dele!

18.8.05

"Que de tudo isto só fica o que nunca foi:
Porque a recompensa de não existir é estar sempre presente."
Alberto Caieiro

15.8.05

Poética do Abandono

A minha vida é saudade;
Nasci para sentir falta.
Eu sou um andarilho que caminha quase sempre só
levando um cajado e uma bolsa cheia de lembranças
dos amigos em outros continentes,
dos amores mal terminados,
e de todas as vezes que entreguei o coração a alguém que se foi.
A minha vida é sentir falta,
e a minha poesia é metafísica,
porque é conversar com quem já não mais está.
Eu caminho só
e só a ausência é quem me faz companhia.

Da série "Saudades de quem tá longe", número fala-sério-já-perdi-a-conta, João, no Canadá, ainda me devendo um boneco de neve! :) Posted by Picasa

14.8.05

Pra Comemorar o Dia dos Pais

Esse ano percebi que eu tenho um pai daqueles pais de comercial de dia dos pais. Não, não é que o meu velho seja bonitão igual o Paulo Zulu, não! hehe... mas tinha um comercial desses que dizia: "Dê um presente para a pessoa que mais te admira no mundo". E essa pessoa, certamente, é meu pai.
Se eu fosse o Vinícius de Moraes mandava agora uma daquelas poesias lindas tipo as que ele escrevia pro filho, mas como eu sou só eu mesma... "pai, te amo, e obrigada por tudo".

11.8.05


Desde pequena tentando tirar coisas do fundo do mar... Posted by Picasa

8.8.05

Mar Interior

Navegando novas águas...
No universo simbólico dos mitos e arquétipos o mar é um símbolo muito forte de tudo o que é feminino, fluido, emocional, abrigo e abismo. O oceano é uma metáfora forte do nosso inconsciente, o vasto lugar que guarda nossas emoções mais acolhedoras e também os monstros mais assustadores. Para a psicologia analítica, trazemos dentro de nós um mar a ser navegado e desvendado. Esta é, talvez, a fonte da longevidade do verso "navegar é preciso".
Assim sendo, não pude deixar de me espantar esta tarde em plena aula de fisiologia. O professor falava sobre homeostase, que é o equilíbrio constante (e fundamental para a existência da vida!) que existe nos fluídos do nosso corpo e em todas as nossas células. Ele explicava que a vida surgiu no oceano pois a sua água oferecia justamente as tão necessárias condições estáveis de temperatura , concentração, salinidade, etc. Com o tempo e a evolução, os organismos desenvolveram a capacidade de manter por si a homeostase, o que permitiu que a vida conquistasse novos ambientes. E, dizia ele, a verdade é que os fluídos corpóreos dos seres vivos, os líquidos existentes dentro e fora de nossas células, encontram o seu equilíbrio em condições de concentração e salinidade que são em tudo similares àquelas encontradas na água do mar!
Em poucas palavras: os seres vivos puderam sair do oceano, este útero primitivo que nos acolheu e nos formou, porque eles aprenderam a trazer o oceano dentro de si.
Navegantes, naveguemos...

7.8.05

Quadrinhas e Saudades

Saudoso amigo, que falta sinto
de você e de tudo o que fazíamos juntos,
das horas perdidas com qualquer assunto
regadas a cerveja, mate e vinho tinto.

Estar na praia e ver nascer o dia,
ou ver você gastar toda a sua didática
pra me dar uma dica importante de informática.
Você era a minha melhor companhia.

E no entanto, agora tudo está mudado.
A vida nos fez uma dupla partida.
Eu estudante, você formado,
morando naquela cidade poluída.

Na minha memória você vai ficar
sempre como uma lembrança querida.
Espero que a gente saiba encaixar
uma velha amizade numa nova vida.

(Taí. Um poeminha engraçadinho e despretensioso, só pra reestabelecer o fluxo sanguíneo na minha veia poética!)

5.8.05


Mais uma da série "Saudades de quem está longe": essa é a Coelha Cynthia, que agora está em Frankfurt cuidando de um monte de outros animais do zoológico! Posted by Picasa

4.8.05

Que se danem os nós

(Ana Carolina)

"Vim gastando meus sapatos
Me livrando de alguns pesos
Perdoando meus enganos
Desfazendo minhas malas
Talvez assim chegar mais perto

Vim achei que eu me acompanhava
E ficava confiante
Outra hora era o nada
A vida presa num barbante
E eu quem dava o nó

Eu lembrava de nós dois
mas já cansava de esperar
E tão só eu me sentia e seguia a procurar
Esse algo alguma coisa alguém
que fosse me acompanhar

Se há alguém no ar
Responda se eu chamar
Alguém gritou meu nome
Ou eu quis escutar?

Vem eu sei que tá tão perto
E por que não me responde
Se também tuas esperas
te levaram pra bem longe
É longe esse lugar

Vem nunca é tarde ou distante
Pra te contar os meus segredos
A vida solta num instante
Tenho coragem tenho medo sim
Que se danem os nós"

Mais uma música da Ana Carolina que me faz pensar em muita coisa que anda acontecendo comigo. Perdas e ganhos, pessoas que ficam e pessoas que se vão, e descobertas sobre quem eu sou e o que eu quero... Bem, na verdade, por enquanto, muito mais perguntas do que descobertas, mas um dia eu chego lá.

1.8.05

Ok, it is official: I´m having an author´s blog... I mean, block!
hehehehehehe

Enquanto a "inspiração" não vem, e até para ajudá-la a achar o caminho de volta pra casa (essa filha pródiga...), lá vão algumas citações que encontrei sobre o difícil assunto do amor que tanto se busca e tão raramente se encontra:

"Sabe o que é melhor do que ser bandalho ou galinha? Amar.
O amor é a verdadeira sacanagem."
Tom Jobim

"A vida é a arte do encontro, apesar de haver tanto desencontro pela vida."
Vinícius de Moraes

"And love is either
In your heart or on its way"
Frank Sinatra

27.7.05

Brasão dos Maziero


"O brasão possui no seu escudo um ramo de café, que representa a principal atividade de radicação da família no Brasil; nesse ramo, os quatro grãos de café simbolizam as quatro famílias originadas pelos filhos de Luigi e Pierina. A cor de fundo do escudo é marrom avermelhado e simboliza a terra onde prosperaram as sementes de café e de onde se obteve, por muitos anos, o sustento da família.
A inscrição LP se refere às iniciais de Luigi e Pierina, o casal que deu origem ao clã. O nome da família está escrito abaixo do escudo, em cor branca, simbolizando a paz. Os laços existentes atrás do escudo representam o vínculo entre os familiares, e as cores verde, vermelho e branco remetem às três cores da bandeira italiana, país de origem da família."

Trecho de "Os Maziero", livro de Wilson G. Maziero que conta a história da família.

Luigi e Pierina são meus bisavós por parte de mãe. Sou portanto descendente dessa família de lavradores que vieram da Itália no final do século XIX em busca de uma vida melhor. Maziero (cuja grafia original é masiero) significa arrendatário, ou lavrador que trabalha em terras de terceiros. O nome vem de "maso", do latim "pequena gleba de terra". Descendo de gente simples. Talvez esteja aí uma raiz da simplicidade que eu busco expressar em meus poemas e nas outras coisas que produzo.
O brasão acima também foi desenhado por mim. Os Maziero realizaram um concurso interno à família para projetar um brasão para a família e dentre 14 propostas, a minha foi a escolhida. Acho que ele se parece com o que eu escrevo também porque os elementos tendem a ter mais do que um único significado, gosto de idéias que se superpõe, de simbologias... então, aí está, uma poesia minha sobre minha família em forma de brasão. :)

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19.7.05

Solidão em Sol Menor

“quem me dera ter o som”
Mote de Marcelo Gilge


Quem me dera ter o tom
Pra compor uma canção
Afinada em sol menor
Pra espantar a solidão
Um blues pra se cantar de cor

Quem me dera ter o dom
De escrever uma canção
Que alivie toda a dor
A tristeza, a frustração
Do poeta e do cantor

Quem me dera ter o som
Pra tocar uma canção
Que trouxesse a luz do sol
A esse mundo escuro e vão
Por onde andamos sempre sós...

17.7.05

"Há somente uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela."

(Alberto Caieiro falando por mim. Sempre sempre)

16.7.05

You Can't Always Get What You Want...

"You can't always get what you want,
you can't always get what you want,
you can't always get what you want..."

Puta que o pariu... na próxima encarnação, eu quero nascer baixista duma banda de blues!

13.7.05

Sentidos

Sentido
há muito não faço mais.
Extinta a lógica,
eu sigo o instinto.
Me desfiz de tudo o que eu havia pensado:
me despi do meu orgulho,
das aparências,
do bom-senso.
Eu me desnudei em camadas
até que restou somente
entre eu e você
a imensidão das coisas que eu tinha a dizer
sobre tudo o que aconteceu.
Até que restou somente
entre nós
o que eu havia
sentido.


(Ao que Mário Quintana responderia: "Que fique muito mal explicado: / Não faço força pra ser entendido. / Quem faz sentido é soldado.")

12.7.05

Férias na Fazenda...





















madrugada na fazenda
alvorecer da modernidade
meses antes concebida
com muita tecnologia
uma pesquisa engenhosa
uma vaca e sua cria
ao cabo de x luas
uma feliz coincidência
a bezerrinha eram duas
com a clonada aparência
e a minh'alma, menina do interior
tomada de espanto e torpor
Ao perceber o acaso
Quase entrou em espasmo
Era esperada uma
Apenas havia um arreio
E eu, com algum receio
Segurei a segunda nos braços...

(poesia escrita a 6 mãos - eu, Gabi e Lucas - sobre a surpresa do nascimento de bezerrinhas gêmeas num experimento conduzido pelo laboratório do meu irmão. Essas belezinhas aí são fruto de um embrião com mitocôndrias de bovino e de búfalo!)

9.7.05

“Um monstro de delicadeza”

(Esta é a poesia do Vinícius de que falei no post anterior. Ela não tem nome. Na verdade, é a parte do meio de uma seqüência de três poemas. Para mim, ela fala de uma coisa que todos temos em comum, mas poucos ousam admitir. Fala de tudo aquilo que a gente traz dentro e que é horrendo. O que o Jung chama de a nossa “Sombra”. Lá vai:)

Falarei baixo
Para não perturbar a tua amiga adormecida
Serei delicado. Sou muito delicado. Morro de delicadeza.
Tudo me merece um olhar. Trago
Nos dedos um constante afago para afagar; na boca
Um constante beijo para beijar; meus olhos
Acarinham sem ver; minha barba é delicada na pele das mulheres.
Mato com delicadeza. Faço chorar delicadamente
E me deleito. Inventei o carinho dos pés; minha palma
Áspera de menino de ilha pousa com delicadeza sobre um corpo de adúltera.
Na verdade, sou um homem de muitas mulheres, e com todas delicado e atento
Se me entediam, abandono-as delicadamente, desprendendo-me delas com uma doçura de água
Se as quero, sou delicadíssimo; tudo em mim
Desprende esse fluído que as envolve de maneira irremissível
Sou um meigo energúmeno. Até hoje só bati numa mulher
Mas com singular delicadeza. Não sou bom
Nem mau: sou delicado. Preciso ser delicado
Porque dentro de mim mora um ser feroz e fratricida
Como um lobo. Se não fosse delicado
Já não seria mais. Ninguém me injuria
Porque sou delicado; também não conheço o dom da injúria.
Meu comércio com os homens é leal e delicado; prezo ao absurdo
A liberdade alheia; não existe
Ser mais delicado do que eu; sou um místico da delicadeza
Sou um mártir da delicadeza; sou
Um monstro de delicadeza.

7.7.05

Soneto de Quarta-Feira de Cinzas

(Vinícius de Moraes)

Por seres quem me foste, grave e pura
Em tão doce surpresa conquistada
Por seres uma branca criatura
De uma brancura de manhã raiada

Por seres de uma rara formosura
Malgrado a vida dura e atormentada
Por seres mais que a simples aventura
E menos que a constante namorada

Porque te vi nascer de mim sozinha
Como a noturna flor desabrochada
A uma fala de amor, talvez perjura

Por não te possuir, tendo-te minha
Por só quereres tudo, e eu dar-te nada
Hei de lembrar-te sempre com ternura.



Comprei ontem uma antologia poética do Vinícius de Moraes, em comemoração ao meu primeiro dia de férias. Que doce surpresa encontrei enquanto “namorava” o livro! Trazia algumas poesias do livro “A Arca de Noé”. Num instante fui transportada de novo para a minha infância. De repente me lembrei de que quando era pequena eu tinha um (ia falar CD, mas naquela época...) tinha um LP da Arca de Noé que eu escutei praticamente até furar (e quem me conhece nem duvida de que eu sou capaz! hehe) Descobri de repente que ainda me lembro perfeitamente das melodias, e das letras, que delícia! “Lá vai São Francisco / pelo caminho / de pés descalços / tão pobrezinho (...) dizendo ao vento / bom dia amigo / dizendo ao fogo / saúde irmão”. E me dei conta de que o Vinícius me acompanha (ou seria eu quem o acompanha?) desde pequenina... e ai, quanto Vinícius eu li na adolescência, quantos sonetos... e hoje em dia ainda a poesia dele fala comigo, vai no fundo do peito e da alma... tem uma, linda, linda, que fala da sombra, dessas coisas que a gente tem dentro e até se assusta (próximo post, prometo)... e tem essa que eu postei hoje que me faz pensar em gente querida...

5.7.05

To Hope To Wait

Eu espero
que a tua solidão seja grande como a minha.
Assim você saberá o que me falta agora
e o que sempre me faltará.

Eu espero
que a tua solidão seja musical como a minha.
Assim você saberá ouvir
o meu canto e o meu silêncio.

Eu espero
Que a tua solidão seja poética como a minha.
Assim você poderá entender
a tristeza e a beleza nos acontecimentos da nossa vida.

Eu espero
que a tua solidão seja noturna como a minha.
Assim você conhecerá meus abismos
e a minha escuridão.

Eu espero
que a tua solidão seja violenta como a minha.
Assim entenderás a raiva
e as feridas.

Eu espero ainda
que a tua solidão seja paciente como a minha,
para que saibas esperar por mim,
assim como

Eu espero
por ti.

3.7.05

A Física descobre Deus?

"Atualmente, vem crescendo o consenso, muito lentamente, de que a Física Quântica não está completa, a menos que concordemos que nenhum fenômeno é um fenômeno a menos que seja registrado por um observador, na consciência de um observador. E isso se tornou a base da nova ciência. É a ciência que, aos poucos, mas com certeza, vem integrando os conceitos científicos e espirituais.
Não há dúvida que a Matemática Quântica é muito capaz, muito competente, e ela prevê o desenvolvimento de ondas de possibilidades, a matéria é retratada como ondas de possibilidades. O modo como elas se espalham é totalmente previsto pela Física Quântica. Mas agora temos probabilidades de possibilidades. Nenhum evento real é previsto pela Física Quântica. Para conectar a Física Quântica a observações reais: não vemos possibilidades e probabilidades, na verdade vemos realidades. Esse é o problema das medições quânticas. E luta-se com esse problema há décadas, como eu já disse, mas nenhuma solução materialista, uma solução mantida dentro da primazia da matéria foi bem sucedida. Por outro lado, se considerarmos que é a consciência que escolhe entre as possibilidades, teremos uma resposta, mas a resposta não é matemática. Teremos de sair da matemática. Não existe Matemática Quântica para este evento de mudança de possibilidades em eventos reais, que os físicos chamam de ‘colapso da onda de possibilidade em realidade’. É essa descontinuidade do colapso que nos obriga a buscar uma resposta fora da Física. O que é interessante é que se postularmos que a consciência, o observador, causa o colapso da onda de possibilidades, escolhendo a realidade que está ocorrendo, podemos fazer a pergunta: qual é a natureza da consciência? E encontraremos uma resposta surpreendente. Essa consciência que escolhe e causa o colapso da onda de possibilidades não é a consciência individual do observador. Em vez disso, é uma consciência cósmica. O observador não causa o colapso em um estado de consciência normal, mas em um estado de consciência anormal, no qual ele é parte da consciência cósmica. Isso é muito interessante. O que é a consciência cósmica diante do conceito de Deus, do qual os místicos e teólogos falam?"
(Trecho da transcrição da entrevista concedida pelo físico Amit Goswami ao Roda Viva, TV Cultura. Amit Goswami é PHD em física quântica e professor titular de física da Universidade do Oregon, autor do livro O UNIVERSO AUTOCONSCIENTE.)

28.6.05

Aos leitores desse blog

Não se preocupem.
Aprendi com a Cecília Meireles, que aprendeu com a primavera, a me deixar cortar.
E a me deixar voltar sempre inteira...

27.6.05

Pequeno Poema sem Nome
Sobre um Fim que não tem Fim

(para alguém que se foi
e levou consigo esse imenso pedaço de mim)

O teu olhar é parte
da minha visão
não é justo que me deixes
na escuridão

O teu corpo é parte do meu
teu terror, tua risada,
não é justo que me deixes
sem braços, sem pernas, sem nada...

Os teus sentimentos
são a carne do meu coração
não é justo que me faças
fria razão

Tuas palavras são pedaços
de tudo aquilo a que pertenço
não é justo que me faças
silêncio...

23.6.05

Vida de Astronauta

Quando criança eu queria ser astronauta.
Cada época tem a sua magia;
eu achava que ser astronauta
era vivenciar a magia do nosso tempo.
Sim, a tecnologia tem lá a sua mágica, mas
o que eu queria era poder flutuar
e pensar que estava voando;
poder explorar outros planetas, novos mundos.
Me distanciar,
olhar a Terra de longe e,
quem sabe?
desta perspectiva diferente
compreender aquilo cujo entendimento nos é negado,
a nós que temos os pés no chão.

Quando cresci, mudei de planos.
Abandonei os projetos espaciais, acalentei outros sonhos...
Mas mantive os olhos atentos à magia
de ser leve, de aprender,
de adentrar o desconhecido
e de tirar os pés da terra.
Não sou astrounauta, mas arquiteta
de paisagens interiores.
Psicóloga exploradora de mundos,
e poeta!

Os Dois Relógios

"Um homem com um relógio pode dizer as horas; um homem com dois já não tem certeza"
(Gabriela Mezzacappa)
Neste espaço falo de idéias que me ocorrem e que me fazem refletir sobre viver, sobre ser humano, sobre amar, trabalhar, sobre inserir-se culturalmente, sobre sentir dificuldade em fazer cada uma dessas coisas, ou todas elas... Mas nem sempre essas idéias quando ocorrem o fazem dentro da minha cabeça. Elas ocorrem por aí, nas conversas, nas aulas, nos blogs dos amigos... E essa idéia que me ocorreu na aula da Cristina (é, de novo. Um caos aquela aula, aquela mulher, mas sempre põe a gente pra pensar) encontrou uma ressonância nesta frase do Bolo de Cenoura.
O que discutíamos na aula era o dever moral e ético do psicólogo de ajudar o paciente a recuperar a sua capacidade de trabalhar, e de amar, sem julgar as suas opções de vida. O dever que temos de conseguir atender alguém cujas convicções se choquem com as nossas; mesmo que ele/a seja bandido, drogado, prostituído, de outra religião, ou ateu, homossexual, prepotente, ou só chato, e de conseguir ajudar esta pessoa a ser feliz com as suas próprias convicções. Parece tão difícil a princípio. Parece que seremos obrigados a abrir mão de tudo o que é certo e nos curvar às maluquices e incongruências deste mundo.
Mas me ocorreu que fica bem mais fácil se a gente lembrar que esses conceitos do que é certo ou errado são convenções tão arbitrárias quanto o fato de que agora são 4:04, como poderia ser 5:13 ou 1:55, ou outro número qualquer. E que da mesma forma que nada garante que um relógio possa estar mais certo que o outro, nada comprova que uma maneira de viver seja mais certa que outra.
Manifesto-me aqui então em prol dessa idéia: andemos todos sempre com dois relógios. É para sempre lembrar do quanto certas verdades podem ser relativas...





Posted by Hello

19.6.05

Aprendendo a voar?

De pé na ponta da pedra
ela abre os braços em cruz.
Acima, a imensidão do céu infinito,
metáfora de todo o sucesso possível.
Abaixo, a escuridão profunda do abismo,
O pavor e o medo cabível.
Ela fecha os olhos,
respira,
e se atira.
TatiGirl versão 2.8

Agora com muito mais espaço interno!

16.6.05

Balanço de Aniversário

O que se ganha?
O que se perde
quando se envelhece?
Será que se aprende a ser mais amigo?
O que fica? O que muda?
Crescer é presente ou castigo?
Será que se amadurece?
Será mais importante o que se aprende,
ou o que se esquece?

Sem as pistas, vou tateando.
Há um mistério; investigo.
Talvez não encontre as respostas,
mas posso acabar encontrando comigo!

12.6.05

Sincronicidades: Qual calmaria?

"Jung criou o termo sincronicidade para designar “a coincidência no tempo de dois ou mais acontecimentos não relacionados causalmente, mas tendo significação idêntica ou similar, em contraste com sincronismo, que simplesmente indica a ocorrência simultânea de dois acontecimentos”. A sincronicidade, portanto, caracteriza-se pela ocorrência de coincidências significativas. (Nise da Silveira – Jung: Vida e Obra)"


Estou voltando de um período de “calmaria compulsória”, no qual fui jogada à força por uma gripe que me deixou absolutamente prostrada por quase 24 horas ininterruptas. Sem levantar da cama nem pra comer... Logo eu, que estava aprendendo a contemplar a calmaria, descobri que só observar não adianta. Se alguém aqui dentro resolve que você vai aprender a viver a calmaria com tranqüilidade, ao invés de com aquela mistura de tédio e ansiedade, bem... você vai aprender a viver, meu amigo, não é só ficar olhando não... Mas de qualquer forma, olha só o que eu achei na minha volta:

Calmaria de Tatiana: o post que vocês podem ler logo aqui abaixo.

Calmaria de Gabriela: outro post sobre a calmaria de uma poetisa que eu adoro

(com uma coincidência paralela: a menina sobre a lua, Karina)

Calmaria de Simone: uma leitora nova que deixou um comentário num post aqui embaixo, e que, para a minha surpresa, tem um blog chamado “Qualquer Calmaria”

10.6.05

Calmaria


Calmaria...
Tarde quente, sem vento
Nenhuma folha se move.
Ar parado.
Rotina, longamente conhecida.
Coração vazio.
Velha cidade,
O mesmo céu,
As mesmas casas...

No fim do dia, não tenho pressa
Contemplando o céu límpido e sem nuvens.
Quantos azuis diferentes podem haver
Num céu de uma só cor?

Adoro esta paz.
Adoro estes raros,
Preciosos momentos
De vida em suspensão,
Em que tudo é silencioso:
A natureza está quieta,
A cidade está quieta,
O coração está quieto,
E até a poesia,
Esta criança,
Se aquieta...

Mas silenciosamente
(impertinente!)
aquela primeira estrelinha
atinge a minha seda azul!
E me traz de volta aos ouvidos
A voz do velho sábio:
“A calmaria é senão o prenúncio do tumulto!”

Em pouco tempo, mil estrelas surgem!
Cai a noite, surge a brisa,
Acendem se os postes e os faróis!
De noite, a cidade acorda,
A roda viva da vida se põe de novo a rodar,
E tudo muda muda muda muda muda!

Mas é só daqui a pouco...
Shh... Espera um minuto...
(...)
Ouve comigo este silêncio...
Posted by Hello

5.6.05

A Sombra e o Homem

(Há sempre um pouco de luz no meio da escuridão; há sempre um pouco de escuridão no meio da luz. Essa é a minha versão daquele símbolo do Yin/Yang:)



Não se separam luz e sombra;
São a mesma coisa pelo avesso.
A luz do dia mais claro
Desenha as sombras mais nítidas:
quanto mais luz mais sombra...
Na noite mais escura
Brilham mais as estrelas:
quanto mais sombra mais luz!

(E esta daqui é a versão do Fernando Pessoa / Alberto Caieiro:)

"Por isso essas canções que me renegam
não são capazes de me renegar
e são a paisagem da minha alma de noite
a mesma ao contrário..."

Posted by Hello

4.6.05

Negra Noite

Eu parti em busca de mim.
Estava no princípio de uma estrada
estreita, escura, esburacada,
numa negra noite sem lua.
O caminho sinuoso mergulhava
numa escuridão densa e silenciosa.
Relutei.
O negrume da noite preenchia todos os vazios,
me isolava de todas as coisas.
Só havia eu,
a escuridão
e a estrada.
Tudo o que eu podia ver
era a distância até o próximo passo,
e mais nada.
Foi tremendo de medo
que decidi seguir
e deixei
que aquela noite profunda me engolisse.
Neste preciso momento,
olhei para o alto
e vi:
na mais negra das noites,
milhões de estrelas cintilavam!

31.5.05

Semeadura da poesia

Será que é só uma chance mesmo?

30.5.05

Quem de nós dois

(Ana Carolina)

"Eu e você,
Não é assim tão complicado,
Não é difícil perceber.
Quem de nós dois
Vai dizer que é impossível
O amor acontecer?
Se eu disser que já não sinto nada,
Que a estrada sem você é mais segura,
Eu sei, você vai rir da minha cara,
Eu já conheço o teu sorriso
E o teu olhar.
Teu sorriso é só disfarce
E eu já nem preciso

Sinto dizer
Que amo mesmo
Ta ruim pra disfarçar.
Entre nós dois
Não cabe mais nenhum segredo
Além do que já combinamos.
No vão das coisas que a gente disse
Não cabe mais sermos somente amigos
E quando eu falo que eu já nem quero
A frase fica pelo avesso,
Meio na contramão...
E quando finjo que esqueço
Eu não esqueci nada!

E cada vez que eu fujo
Eu me aproximo mais
E te perder de vista assim é ruim demais
E é por isso que atravesso o teu futuro
E faço das lembranças um lugar seguro
Não é que eu queira reviver nenhum passado
Nem revirar o sentimento revirado
Mas toda vez que eu procuro uma saída
Acabo entrando sem querer na sua vida

Eu procurei qualquer desculpa
Pra não te encarar
Pra não dizer
De novo sempre a mesma coisa
Falar só por falar
Eu já não tou nem aí pra essa conversa
Que a história de nós dois não interessa
Se eu tento esconder meias verdades
Você conhece o meu sorriso
E o meu olhar
O meu sorriso é só disfarce,
E eu já nem preciso..."

Uma música sobre a coragem de dizer o que é que vai pelo coração da gente... a coragem de dizer, e às vezes, se necessário for, a coragem de repetir...

Gabi, pra você que postou aquela frase do Humberto Gessinger "Eu fui sincero como não se pode ser", eu deixo aqui o meu palpite: acho que isso não existe. Não acredito em limite pra sinceridade. Já me estrepei bastante por abrir o coração mas mesmo assim não perco a fé. Tem horas em que eu não sei como é que se faz isso direito. Mas continuo acreditando que é isso que se deve fazer. Por mais violenta que seja a tempestade, não deixa de ser bela...

Pra que é que a gente faz poesia se não é pra isso?

23.5.05

Congresso Internacional do Medo

"Provisoriamente não cantaremos o amor
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas."

(Carlos Drummond de Andrade)

É isso aí. Hoje postando pra celebrar o medo e a covardia. A covardia de todo mundo, a sua, a dele, e a minha também. É pra homenagear a falta de coragem de quem não se aproxima, não se arrisca, e a falta de coragem de quem fica assistindo a covardia dos outros e não se atreve a fazer nada a respeito. E quero brindar a toda a covardia de quem pensa e não diz o que pensa, de quem sente e não enfrenta o que sente. Toda a falta de hombridade de quem não se examina e nem sabe o que tem dentro; e a pior, a de quem sabe e não admite.

Viva todo o medo do outro, e todo o medo de si!

22.5.05

Pergunta Bônus:

"O que você é capaz de perdoar?"

18.5.05



"Meu coração
é uma rosa aberta
e cada um que se aproxima
me arranca uma pétala"

Posted by Hello

Meditação

(pensando sozinha
sobre não estar só)

Aprender a ligar
a se apoiar
a querer ter
a depender
Aprender a somar
a conviver
a bem-querer
a completar
E decidir se arriscar
no habitar
no responder
no viver
no apaixonar-se
e no perder
E finalmente descobrir
que existir
é se entregar...

14.5.05

Não apague a luz

Não apague a luz,
que eu quero ver o teu riso,
que eu quero ver o teu gozo.
Quero ouvir os segredos nas tuas canções,
aprender teus caminhos
(contemplar as tuas alucinações
e as minhas).
Eu quero conhecer o teu corpo,
descobrir teus desejos,
explorar os teus sonhos, e medos
e sentir o teu cheiro,
mas primeiro, te beijar...
E quero
que você me morda o pescoço,
me afague os cabelos,
e me agarre a cintura.
E quando cair a noite escura,
me deixa dormir no teu peito,
me deixa ficar desse jeito
que eu quero te abraçar com doçura...
Ao nascer do dia
adorarei tua figura.
Quando os primeiros raios de sol
acenderem o dia no quarto
eu quero te amar novamente.
Eu, que te conheci na madrugada,
serei a amiga apaixonada
quando raiar a aurora.
E por isso te peço agora,
querido, sem pressa,
não apague a luz.
Há toda um vida
na noite que começa.

11.5.05

Fria noite de maio.
Lua cheia no céu
Ilumina a mim e a você...

9.5.05

Há um mundo de sonhos em mim,
Um mundo de imagens de múltiplos sentidos.
Há toda uma outra realidade,
Um planeta diferente onde vivo,
Onde durmo, acordo, me alimento,
Onde rio, onde choro e me espanto,
E que cresce e se transforma no meu íntimo.

Nesse mundo, onde há deuses, e serpentes,
E campos floridos, e abismos profundos,
Eu me movo flutuando.
Observo como as cores são etéreas,
E se transformam com o tempo.

Reclinada no meu leito de folhas,
Eu assisto a tempestade se formando,
E sei sempre muito claramente
Que ela chegará arrancando árvores e telhados,
Alagando as casas, invadindo os páteos,
Derrubando as linhas de força e comunicação,
Destruindo pontes, queimando as casas...

E sei também que, no final,
haverá somente o silêncio e a cidade arrasada,
E a chance de um novo começo...

8.5.05

"Pergunto à nuvem preta quando é que o sol vai brilhar"
(Raul - Clinica Tobias)

Prêmio Guinnes dos Récordes do Mundo Bizarro



Fundir o motor do carro, ficar sozinha na beira da estrada, gastar a maior grana, perder a terapia... chegar em casa, cadê a chave? Ficar trancada pra fora do apartamento. Chamar o chaveiro, gastar mais grana... Ligar pra amiga, dar linha cruzada, ficar com fama de louca... Chorar na frente de todo mundo, pagar o mico do vexame... Tentar me consolar indo assistir um show de blues... e o show ser cancelado!!!!!


Posted by Hello

6.5.05

"E eu, pensando em tudo isto,
Fiquei outra vez menos feliz...
Fiquei sombrio e adoecido e soturno
Como um dia em que o dia todo a trovoada ameaça
E nem sequer de noite chega..."
(Alberto Caieiro)

28.4.05

(In)Confidências

Ele gritou comigo:

- Porque foi que você disse a ele que estava apaixonada?! Porque foi que você fez isso?!

Primeiro, foi aquele susto. Eu nem sabia que ele já sabia. Meu cérebro encharcado em álcool tentando entender a súbita e áspera informação nova. E ele continuava:

-Me diz porque foi que você fez isso!!

Não tinha outra explicação:

-Bom, eu falei porque era verdade...

Eu tentei explicar que eu não queria que nada disso tivesse acontecido, que eu tentei lutar contra aquele sentimento, que eu não queria ter envolvido ninguém naquela história, e muito menos que ele tivesse ficado sabendo daquilo por qualquer outra pessoa que não fosse eu... Mas eu não conseguia me explicar, nem ele me entender:

-Eu não entendo você, eu não entendo o que você faz, eu estou cansado de ficar tentando adivinhar o seu blog!!

Outro susto. Já tinha falado pra tanta gente que o que eu mais gostava naquele relacionamento era que eu sempre tinha tido a liberdade de expressar tudo o que eu sentia... Nunca antes tinha falado tanto sobre os meus sentimentos a respeito de uma pessoa para a própria pessoa. Realmente, metade do que está no meu blog é sobre ele, mas toda vez que eu postava sobre ele, mandava um email avisando: "postei sobre você, vai lá ver".

Até que eu disse:

-Me apaixonei porque ele esteve comigo esse tempo todo, do meu lado... você me abandonou, me deixou, não entendo até hoje porque foi que você de repente parou de falar comigo daquele jeito...

E ele me disse que teve medo. Que viu todo mundo que estava lá traindo todo mundo que ficou aqui. E que não acreditou que eu ia conseguir. Que acabou se convencendo disso, e desistiu. E que quando ficou sabendo que eu estava apaixonada por outra pessoa, pensou: "Eu sabia que isso ia acontecer!"

Foi daí que EU entendi... O problema não era ele não me entender. O problema era ele não me acreditar. Não acreditou quando eu disse que iria esperar por ele. Não acreditou que o que eu falei sobre os meus sentimentos era exatamente o que eu sentia por ele (pelo menos, até a medida em que me é dado saber isso. Nem sempre a gente sabe o que sente). Não acreditou que quando eu disse que estava apaixonada é porque eu estava, que não já jogo, não há manipulação... Somente há sentimentos fora do meu controle e, muitas vezes, fora do meu entendimento...

Ele vai ler isso aqui. Primeiro, vai falar que não gritou. Segundo, vai ficar se perguntando: "Meu, essa menina não sabe quando chega a hora de abandonar um assunto?" Daí talvez fique tentando imaginar aonde é que eu quero chegar com tudo isso... Eu acho engraçado: eu SÓ me fodo, mas neguinho ainda acha que eu sei o que estou fazendo. Eu não tenho escolha: só posso ir vivendo a vida do jeito que ela vai aparecendo para mim. Ele não vai responder, no que eu acho que talvez ele faça bem. Ou não.

E eu? Eu vou tocar a vida em frente. Vou prosseguir levando um pouco de tristeza, porque eu também meti os pés pelas mãos muitas vezes nessa história; um pouco de alívio, porque pude finalmente entender muito do que aconteceu; um pouco de pesar, porque fiz outras pessoas sofrer; um pouco de paz, por saber dentro do meu coração que apesar de tudo de ruim que aconteceu eu ainda consigo ver coisas boas em todo mundo que fez parte dessa história. E mesmo que ninguém acredite em mim, vou prosseguir levando o meu amor confuso, palerma e abestalhado pra quem quiser e puder receber...

"Um dia triste,

Toda fragilidade incide

E o pensamento lá em você

E tudo me divide..."

(Djavan)

Solidão

"A tua solidão
com a minha
é uma multidão".
(Gustavo)

"Fui ao mar
e não vi nada.
Nem sequer vi
onde estava.
Só havia a solidão
da cantiga que eu cantava"
(Madredeus)

"E sobre a solidão, dizíamos: 'É tudo o que existe...'"
(Gabriela)

22.4.05

Passado Presente Futuro

"Sem memória;
Sem compreensão;
Sem desejo."

Aula da Cristina, falando sobre psicanálise. Agora não me lembro quem foi (Lacan?) que disse que o psicanalista deve ouvir sem memória, sem compreensão, e sem desejo. Ou seja, sem tentar relacionar com fatos do passado do paciente, sem tentar enquadrar o paciente, e sem ter expectativas sobre o que vai ser falado e o que se pode fazer.
Foi quando me deu um estalo. Não é só o consultório. É a vida inteira. A gente precisa viver sem memória, sem compreensão e sem desejo. Abandonar as lembranças, o que já passou... o entendimento, as interpretações... as expectativas, as vontades... e simplesmente estar experienciando o agora. A yoga tenta ensinar isso. O espiritualismo tenta ensinar isso. Carpe Diem é um pouco isso. Viver o momento. Inspirar em 3 e expirar em 6 e saber só o que está acontecendo aqui. As memórias são o passado, que já ficou para trás. As expectativas são o futuro, que não devemos antecipar. A compreensão é a tentativa de encaixar o presente em algum esquema pré-estabelecido. Vamos nos despir de tudo isso...

18.4.05

Seiscentos e Sessenta e Seis

"A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6a. feira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre, sempre em frente...

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas."

(Mário Quintana)

Correndo, correndo, correndo. Já perdi a conta de quantas vezes eu me peguei pensando: "Nossa, mas já é quinta-feira de novo!" E nós só estamos em abril! Estou fazendo muita coisa e o tempo passa por mim voando. Mas estou aproveitando como nunca essa outra oportunidade que a vida me deu. O Mário Quintana estava certo. Numa situação dessas, a gente simplesmente segue em frente, segue em frente...

12.4.05


"Pratique dança do ventre"; "Não faça aborto"; "Ame seu corpo"; "Seja carinhoso"; "Se respeite"; "Se exponha"; "Mostre sua cara - ou seu umbigo"; "Aceite sua barriga"; "Descubra como as partes do seu corpo se harmonizam"; "Tenha o rei na barriga"; "Enxergue um palmo além do seu umbigo"; "Have the guts to love" Posted by Hello

11.4.05

"Se pelo menos não vivêssemos tentando ser felizes, até que poderíamos nos divertir bastante."
(Edith Warton)

8.4.05


TatiGirl jogando pebolim no Barzil. Foto batida pelo Torão, ficou interessante! Posted by Hello

4.4.05

Sobre o Amor Antes de Todas as Coisas

Antes que você surgisse,
E adentrasse a minha vida de repente,
Antes que eu te conhecesse, e me assustasse,
E o desejo me invadisse...

Antes que eu te amasse,
Antes que eu te visse sofrido e derrotado,
E conhecesse a tua força,
Antes que eu me admirasse, me espantasse,
E te quisesse para sempre meu...

E antes, muito antes que você se fosse,
Antes que eu chorasse, que eu sofresse,
E te maldizesse,
E te odiasse, e me odiasse por te amar,
Antes que eu te perdesse,
E perdesse a mim mesma nesse luto...

E antes que eu me reencontrasse,
Antes que você voltasse,
Que eu te visse, te reconhecesse, te perdoasse,
Antes que eu estivesse aqui a te dizer todas essas coisas...

Eras antes que tudo isso acontecesse...

Meu coração já conhecia a idéia de você,
E eu já sentia a sua falta...

3.4.05

haicai

Acima, a lua
Melhor te beijar a boca
do que te fazer versos.

(Sonia Godoy)

Pra quem já viu, e pra quem não viu, essa sou eu na primeira apresentação de dança do ventre que participei. Posted by Hello

1.4.05


Depois do "Reveillon no Guga - eu vou!" eis aqui o selo do mais recente evento patrocinado pelo Centro Recreativo Sancinetti: "Churras do Guga - eu vou!" Posted by Hello

31.3.05

Carente pra Caramba

Tou carente pra caramba;
Graça não tem.
Será que dá samba?

(um poeminha em homenagem ao meu lastimável estado emocional e àquela frase do Vinícius que disse: "pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza")

27.3.05

o não dito

silêncio...
silêncio...
silêncio...
silêncio...
silêncio...
...


esse maldito silêncio
que me estoura os tímpanos!

25.3.05

Frase Bônus:

"Pensar enlouquece. Pense nisso."


(não me canso de achar expressões as mais variadas da filosofia do não-pensamento de Alberto Caieiro. Essa saiu dum blog que eu achei num outro blog que é dum cara que criou uma comunidade no orkut, etc etc blá blá. Clique no título do post para o link.)

O Nosso Amor a Gente Inventa

(da série "Cazuza fala por mim"; para M.)

"O teu amor é uma mentira
Que a minha vaidade quer
E o meu, poesia de cego
Você não pode ver

Não pode ver que no meu mundo
Um troço qualquer morreu
Num corte lento e profundo
Entre você e eu

O nosso amor a gente inventa
Pra se distrair
E quando acaba, a gente pensa
Que ele nunca existiu"

24.3.05

Silêncio Sincopado

(Para H.)

Quando o teu surdo soa some o meu silêncio;
Sei que o meu repique te atrapalha o samba.
Sim, seria lindo se soasse certo,
Sinto que esse jam dava uma sinfonia.
Mas se é cedo, deixa, a gente toca um dia,
Assim que o sentimento se afinar com o tempo.

23.3.05

Esse eu escrevi pro "About me" do orkut, mas acho que vale a pena botar aqui também. Pra vocês, um pouco de mim:



É. Eu admito que talvez devesse, mas confesso, não sei tudo sobre mim ainda não. Aqui vai um pouco do que eu já descobri até agora: sou uma ex-arquiteta, professora de inglês praticante, e atualmente aluna do curso de psicologia que se encontra totalmente apaixonada e envolvida pelo assunto! Adoro escrever, principalmente poesia, mas não me atrevo a me denominar poetisa – ainda! Bailarina de dança do ventre já tem uns 4 anos, tocadora de caixa na bateria da Federal (ainda não tem 4 aulas...), praticante de ioga (adoro um incenso, um óleo, um cheiro...) , totalmente viciada em livros e em chocolate!

Sou calma, muito carinhosa, apegada à minha família e aos meus amigos (faço coleção; tem uns que eu guardo há 10, 15, 20 anos...), bastante sociável – adoro uma bagunça, uma balada, qualquer coisa que junte gente – mas também tenho meus momentos de necessária solidão (ou solitude, como diria a minha mãe, pra escapar do termo pejorativo). Me considero uma boa ouvinte, e sou muito bem humorada: pode contar comigo pra rir de qualquer coisa, até de mim mesma! Procuro me situar em algum lugar entre a vaidade e o conforto, mas eu confesso que fico confortável se estiver me sentindo bonita mesmo que não esteja conseguindo respirar muito bem! Da mesma forma, acho mais importante ser feliz do que ter razão, mas fico bem contente quando percebem que eu estou certa! hehehe... Excessivamente autocrítica: muito mais exigente comigo mesma do que com os outros (na verdade, com os outros sou super condescendente, o que também não é bom).

Tenho a espiritualidade como uma questão presente mas que se manifesta de muitas formas diferentes. Vejo Deus naquilo que me traz paz, e que vem pra mim nas mais diversas maneiras: numa missa, numa aula de yoga, no meio do mato, dentro da cachoeira, andando de bicicleta, numa noite fria e estrelada... Ainda estou “procurando a minha turma” nesse quesito, mas comecei a freqüentar um centro espírita e estou acreditando que pode estar aí. Aliás, mato pra mim é fundamental. Sou muito urbana, mas preciso sentar na grama (mesmo que coce), ouvir o barulho do vento nas árvores, ver a água correndo ou simplesmente parada refletindo o céu, preciso regularmente de um horizonte verde e distante pra me reequilibrar.

No momento estou à procura de uma companhia pra dividir uma certa garrafa de vinho que o meu irmão me trouxe da Argentina, mas há certos pré-requisitos a se cumprir. Entretanto, não há pressa; afinal, o vinho só melhora com o tempo...

20.3.05

A bunda, que engraçada



A bunda, que engraça
da.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.

Existe algo mais? Talvez os seios.

Ora - murmura a bunda - esses garotos

ainda lhes falta muito que estudar.


A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si

na cadência mimosa, no milagre

de ser duas em uma, plenamente.


A bunda se diverte
por conta própria. E ama.

Na cama agita-se. Montanhas

avolumam-se, descem. Ondas batendo

numa praia infinita.


Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz

na carícia de ser e balançar

Esferas harmoniosas sobre o caos.


A bunda é a bunda

redunda.

(poeminha do Carlos Drummond de Andrade em homenagem a um acesso de irreverência que eu presenciei este final de semana! :-) )


"Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho"

(Alberto Caieiro)

Fernando Pessoa sempre vai no ponto... o que é que sobrou pra gente dizer depois que ele já disse tudo?

14.3.05

A GENTE SE FODE, MAS SE DIVERTE


Primeiramente, perdão pela grosseria do título. Mas é que o tema permite uma certa irreverência. Hoje eu quero falar do humor. Quero falar dessa capacidade que a gente tem, a gente precisa ter, de rir de nós mesmos e das nossas pequenas tragédias cotidianas. E, porque não, das grandes tragédias também...

Tudo o que é trágico é também um pouco cômico. A desgraça sempre tem um jeito meio abobalhado, meio atordoado, atrapalhado, cínico e desengonçado de acontecer. No meio do drama a gente se consola dizendo que um dia ainda vai rir de tudo aquilo. Pois eu acho que o barato mesmo é começar a rir imediatamente, intercalar o choro com o riso, e não perder nem um bocado do prato que a vida nos dá pra provar (adoro aquela cena de Harry e Sally quando ela está chorando porque o Joe vai se casar, e o Harry faz uma piada... é ótima a performance da Meg Ryan rindo e chorando ao mesmo tempo!).

Velório da minha tia. O obituário dizia assim: “Morre Amália Maziero. Deixa as irmãs Armelinda (in memorian), Rosalinda (in memorian), casada com Israel (in memorian), Mafalda, casada com Ernesto (in memorian), Palmira, casada com não sei mais quem, in memorian, in memorian....” Meu irmão leu aquilo e soltou: “É, tá mais pra encontra as irmãs....” E rimos! Afasta a dor? Ah, quem dera, quem dera... Mas nos faz lembrar que a gente ainda está vivo, e que a vida é boa, e que é por isso que vale a pena ficar triste quando alguém se vai.

Outro dia, na revista Veja, a Lia Luft escreveu citando alguém que dizia pra ela que em certos momentos da vida é o humor, mais que o amor, que nos salva. Eu vou mai longe. Tem uma frase do Roberto Freire que diz que é o amor, e não a vida, o contrário da morte. É baseada nessa frase que eu solto a minha máxima sobre o assunto: “É o humor, e não a vida, o contrário da morte”.

Posted by Hello

13.3.05


"Ah, que um possível beijo não passe de uma pegada na areia
Que o mar apagará com doçura
Quando subir a maré
E cair a noite escura..."

(mais uma da Gabi)

Na foto: areia, o mar, e as luzes de um barquinho no horizonte enquanto o sol nascia na Barra... Posted by Hello

Tango


Quando sucumbi aos seus cabelos macios,
Quando seu olhar me invadiu e me fez negra
Quando desejei ser sombra para ser sua...

Quando cada instante parecia triste
E quanto à solidão, dizíamos: é tudo que existe!
Quando chorei duplamente, por mim e por você...

Quando vi seu mundo com meus olhos,
Quando renasci, mais inteira e mais bela,
Quando você foi você, eu fui eu, e tudo foi nada,

Bem, respirei o teu suor...
Bem, me perdi na tua boca...
Bem, reencontro eminente

Que não seja um tiro no escuro
Mais um passo em falso no abismo,
Que seja eu a te guiar agora,
Na simplicidade e na pureza do meu riso!


(Lindo. E pra quem quiser mais, Fotolog da Gabi, aí do lado)

12.3.05

Houston, we have a problem!

Pequeno manual de identificação de problemas:

Se um cara que já está conversando com você vira e diz assim: "A gente precisa conversar"... você está com problemas!

Se quando a coisa já está acontecendo o cara vira e diz assim: "Vamos deixar acontecer"... então você está com sérios problemas!!

Em qualquer um dos casos, hpGa única coisa a fazer é tocar um tango argentinohpG LojaUpClickIdentidade WebA‡ƒo SocialBlig ....

Segurando uma risada numa noite preguiçosa no Rio de Janeiro... Um pensamento pra esses dias tão tumultuados: "Evite acidentes: faça tudo de propósito!" Posted by Hello

11.3.05

Outono

Outono, você voltou e era Inverno. Quase não te reconheci. Entristeci, porque acreditei que não veria mais as folhas vermelhas nem as frutas maduras. Só o tronco negro e seco, e a imensidão branca. Mas aí está você mais uma vez, incendiando o bosque.

10.3.05

Linha cruzada

Ele:

"
Garotos como eu
Sempre tão espertos
Perto de uma mulher
São só garotos"

Eu:

"Quem sabe eu ainda sou uma garotinha..."




hm.... eita beijo bom! Posted by Hello

Garotos

Uhu! Lá vai Alice buraco abaixo mais uma vez!!!!

Cada vez que eu acho que dessa vez entendi, a coisa dá errado de novo de uma maneira totalmente nova!

8.3.05

A um passarinho

"Para que vieste
Na minha janela
Meter o nariz?
Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Ando tão feliz!
Se é para uma prosa
Não sou Anchieta
Nem venho de Assis.

Deixa-te de histórias
Some-te daqui!"

É, eu não consigo fazer poesia quando estou feliz demais, mas o Vinicius consegue! :-)

Psicologia é o Paraíso!!!

Queria mandar um dos meus textos mais poéticos, mas não dá. Tou feliz demais! E como já dizia o poetinha, pra fazer um samba com beleza, é preciso um bocado de tristeza. Então vai um relato bem estilo "meu querido diário" mesmo:

Minha nossa! Eu estou tão espantada! Eu nunca imaginei que um lugar como esse existisse!
Primeira semana de aula, estamos conhecendo os professores, o programa dos cursos, e os nossos colegas. Tem hora na aula que eu acho que é piada. Os professores começam a passar o conteúdo dos cursos, e eu fico me perguntando como é que eles podem ter montado um curso inteiro só com coisas fascinantes!!! Aula de genética: me dá vontade de ligar pro meu irmão - o às da clonagem - e contar que vou ter aulas sobre aconselhamento genético, heredopatias, doenças genéticas de causa multifatorial e genética do comportamento! Saio da aula e quero ir correndo pro xerox porque não aguento esperar até amanhã pra ler o material da próxima aula! Aula de psicologia geral: o professor vai adotar um livro que se chama "40 estudos que mudaram a psicologia". Corro os olhos pelo índice dos autores dos estudos: Pavlov, Freud, Skinner, Masters e Johnson, Piaget... quase não acredito que vou poder estudar exatamente os trabalhos mais importantes desses nomes que eu sempre ouvi!! E no índice do título dos trabalhos então?? "O efeito da privação de sono", "A teoria das inteligências multiplas", "Comportamento hipnótico, uma perspectiva cognitiva, social e biológica", "A natureza do amor", "Resposta sexual humana", "Constantes culturais na face e nas emoções", e por aí vai. Textos sobre biologia e comportamento humano, consciência, aprendizagem, inteligência, memória, desenvolvimento humano, emoção, personalidade, psicopatologia.... Um melhor que o outro. A metade mais cínica do meu cérebro fica pensando que esses professores ainda não entenderam que escola serve pra nos atazanar, como é que pode ser tão prazeroso? A metade mais sensata fica se preguntando se o povo que fazia arquitetura comigo sentia esse tipo de prazer quando os professores passavam o cronograma da matéria...
Eu perdi muito tempo. Muito mesmo. Mas felizmente, me achei. Dessa vez me achei.

E o melhor. Toca meu telefone, era a terapeuta trocando o horário. A Bárbara me pergunta: "o que vc vai fazer sexta-feira?" "Terapia", respondo. Ninguém me olha estranho. Mais da metade das meninas da sala já fizeram, ou ainda fazem. O que é que eu estava fazendo que não cheguei aqui antes?!?!?!

Agora, concordem comigo numa coisa... bixete empolgada é o fim! hehehehehehehe