Primeiramente, perdão pela grosseria do título. Mas é que o tema permite uma certa irreverência. Hoje eu quero falar do humor. Quero falar dessa capacidade que a gente tem, a gente precisa ter, de rir de nós mesmos e das nossas pequenas tragédias cotidianas. E, porque não, das grandes tragédias também...
Tudo o que é trágico é também um pouco cômico. A desgraça sempre tem um jeito meio abobalhado, meio atordoado, atrapalhado, cínico e desengonçado de acontecer. No meio do drama a gente se consola dizendo que um dia ainda vai rir de tudo aquilo. Pois eu acho que o barato mesmo é começar a rir imediatamente, intercalar o choro com o riso, e não perder nem um bocado do prato que a vida nos dá pra provar (adoro aquela cena de Harry e Sally quando ela está chorando porque o Joe vai se casar, e o Harry faz uma piada... é ótima a performance da Meg Ryan rindo e chorando ao mesmo tempo!).
Velório da minha tia. O obituário dizia assim: “Morre Amália Maziero. Deixa as irmãs Armelinda (in memorian), Rosalinda (in memorian), casada com Israel (in memorian), Mafalda, casada com Ernesto (in memorian), Palmira, casada com não sei mais quem, in memorian, in memorian....” Meu irmão leu aquilo e soltou: “É, tá mais pra encontra as irmãs....” E rimos! Afasta a dor? Ah, quem dera, quem dera... Mas nos faz lembrar que a gente ainda está vivo, e que a vida é boa, e que é por isso que vale a pena ficar triste quando alguém se vai.
Outro dia, na revista Veja, a Lia Luft escreveu citando alguém que dizia pra ela que em certos momentos da vida é o humor, mais que o amor, que nos salva. Eu vou mai longe. Tem uma frase do Roberto Freire que diz que é o amor, e não a vida, o contrário da morte. É baseada nessa frase que eu solto a minha máxima sobre o assunto: “É o humor, e não a vida, o contrário da morte”.
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