19.11.05

Em Cartaz

Não demores muito mais, amor, dentro de mim.
Quando eu voltar quero a sala vazia
As portas fechadas do meu camarim,
E nenhuma lembrança que fale de ti.
Esta noite, anuncies, não haverá espetáculo.
Desço as cortinas, esvazio o palco.
Com um pouco de pó, disfarço minha mágoa,
E faço uma máscara para minha dor.
Tranco a magia no silêncio de um verso,
E em seus bastidores me faço um imenso deserto.
Sobre o tablado da casa tão conhecida,
Sou estrangeira inundada de incertezas,
E roubada de fantasias.
Derramo-me em uma fogueira estéril
Que descolore a chama retinta.
Expando-me de dentro de um abraço solitário
Que brevemente contém as memórias gritantes
As quais me convertem em momento, narração brusca.
Rompo e a esse lugar não pertenço mais!
No desfecho do ato, apanho meu caos
Estancando minhas tempestades.
Desboto a pintura que recobre meu corpo,
E trajo a minha própria nudez.

(Roberta Akemi Saito)

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