31.1.06

Em defesa da amizade entre homens e mulheres

Esses dias eu estava lendo a reportagem da Veja sobre “traição virtual” e algumas passagens do texto me deixaram ASSUSTADA.

Os tais especialistas consultados inventaram uma coisa que eles estão chamando de “traição branca”, ou seja, sem sexo. Eles qualificam relacionamentos virtuais de um dos cônjuges com pessoas de outro sexo como a tal da “traição branca” quando se trata de conversas que denotam um certo grau de intimidade, de familiaridade, conversas nas quais ocorrem confissões e outras demonstrações de proximidade emocional. E dizem que essa tal de traição branca é efetivamente capaz de abalar um relacionamento.

Isso me espantou de verdade. Pra começar, se é que esses tais especialistas (psicólogos e similares... o que me espera quando eu me formar??) sabem mesmo do que é que eles estão falando, podemos assumir que eles refletem em seu discurso uma visão que é amplamente difundida na sociedade. Algo como “É consenso no consultório que...”. O que seria, na verdade, a única justificativa para que se ouça o que eles têm a dizer em uma revista de circulação nacional. Então, pelo menos por hora, vamos assumir que este seja um ponto de vista generalizado...

Bem, ou muito me engano, ou esse tipo de relacionamento que ocorre com intimidade, familiaridade, confissões e outras demonstrações de proximidade emocional sem envolvimento sexual antigamente tinha um outro nome, que era AMIZADE. E se vamos partir agora pra um nível de possessividade num relacionamento que é tão grande ao ponto de se cogitar que um casamento possa ser abalado por uma simples amizade, acredito que a nossa visão sobre este tipo de vínculo precisa ser reavaliada urgentemente.

O artigo não faz essa distinção, mas subentende-se que os tais especialistas diferenciam a antiga amizade dessa nova “traição branca” com base em um conceito: o fato de que a amizade se dá entre pessoas do mesmo sexo, e a tal “T.B.” (pra encurtar a bobagem) entre indivíduos de sexos diferentes. E se for isso mesmo, fico ainda mais preocupada, pois isso seria um sinal de que estaríamos nos rendendo de volta a uma visão muito antiquada e machista de que a boa e velha amizade simplesmente é algo que não existe entre homem e mulher.

De duas, uma ( e parece que pelo menos desta vez serei capaz de chegar a alguma conclusão):

1) ou é preciso rever com muito cuidado os nossos pontos de vista sobre até onde vai a nossa liberdade pessoal dentro de um relacionamento como um casamento, já que há muito se sabe que essa coisa de 2 que se casam e viram 1 nunca deu nem dará certo;

2) ou então tem “especialista” por aí querendo ganhar dinheiro em cima de criar um problema novo sobre algo que não só nos é familiar, como também nunca foi nem deveria ser um problema.

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Se você acompanha regularmente este blog e está desapontado porque eu havia dito que não fazia “post raciocínio”, só “post sentimento”... pois é, em 2006 até agora estou sentindo com a cabeça! heheheheheheeh

7 comments:

Anonymous said...

Preciso ler essa matéria! Manda pro meu e-mail?

Anonymous said...

vou ler antes a reportagem... depois eu "posto"... no mais, comemoro aqui do meu lado os seus posts "cabeça"...

beijo!

Anonymous said...

Buenas, da minha parte ficam duas coisas sobre a diferença entre a TB e a Amizade. Uma, que no artigo da VEJA é bem colocado que a TB ocorre pois sem o conhecimento da outra parte. Ou seja, há uma diferença entre a amizad - pois vc não esconde ou oculta os seus amigos do seu cônjugue. Se esconde, ou o parceiro é paranóico, ou realmente este relacionamento virtual tem algo de "proibido" ou um grau de intimidade outro que não o da amizade. De outro lado, o que ocorre é uma reclamação do parceiro em relação a falta de intimidade entre o próprio casal. Ou seja, ao invés de tentar resolver internamente o problema, um dos parceiros busca resolver a questão com um tipo de relacionamento externo.

Isso só me faz voltar ao texto do Kanitz, onde o tédio do casamento é sempre reformulado com ajuda "externa", ao invés de se buscar uma saída conjunta, na base do diálogo e da trasnformação. Lógico, na prática a teoria é outra, rsrs...

Anonymous said...

Já dizia Rita Lee: "Amor sem sexo é amizade / Sexo sem amor é vontade"

É interessante ver como no mesmo planetinha existe deturpação. O sexo é deturpado, nas suas ridículas banalizações via mídia... A amizade é deturpada, o amor é pisoteado, a possessividade se extende para além do que poderíamos chamar de bens materiais, para "coisas" impossuíveis: as pessoas!
A insegurança reina onde se está junto por comodidade, e não por afeição, onde há falta de confiança, de respeito, de diálogo. E o que me deixa mais chateada é ver que profissionais da nossa área, ao invés de propagar uma visão mais humana da coisa, entram no jogo do que dá ibope, e botam lenha na fogueira de uma discussão tão frívola e que, infelizmente, é válida, pois o conflito se faz real para muitos...

Já estou na comunidade!
Saudades de vc, Tati!
Beijão

Lucas said...

Cada uma que me aparece... Sentido com a cabeça! Vê se pode!!
Hehehehaha, gracejos de fim de férias...
Indo direto ao post.
Pelo que eu pude ver (e sem ler a matéria, o que é um pouco irresponsável), essa tal de T.B. é uma meia-traição, uma coisa não muito definida entre amizade e "pular a cerca". Acho que traição é como o velho exemplo da gravidez: não se pode estar "meio gravida". Vejo (mui embaçadamente)que um relacionamento como o casamento é baseado numa confiança mútua,é um grau de "amizade" elevadíssimo a ponto de desfigurar-se (ou configurar-se) na forma de uma relação de fidelidade. Sem confiança, babau... Se é assim, uma amizade poderia fazer ruir um casamento no qual a cumplicidade não pode existir na forma satisfatória. Ou seja, é uma casamento que não daria certo, com ou sem amigos no meio. Talvez seja fruto de relações superficiais e/ou "acidentais" (menina grávida casa com o futuro pai...).
Na minha opinião, pode ser isso aí. Se eu não falei nada com nada... É como dizia o filósofo Seilah Kem, "É fazendo [ou falando] merda que se aduba a vida!"
Beijos e até a Bixarada!

Anonymous said...

Nos dias atuais onde somos bombardeados pela sexualidade, através da televisão, programas de rádio, publicidades e etc, não tem como falar que você tendo um amigo/amiga e criando uma intimidade emocional forte, não venha a sentir em algum momento, uma atração física. Algum dos lados, em algum momento sentirá desejo sexual pela outra pessoa. Concordo plenamente com o artigo da revista Veja, e se não fosse uma realidade cruel, não estaria envolvendo fatos judiciais. É só parar para observar como as coisas estam e perceberá.

Anonymous said...

Eu quero muito ler essa materia vc pode me enviar por email? Em qual mes foi publicada essa materia? kdekinha@hotmail.com
Obrigada.
Andreia.