Você,
que me violenta com delicadeza,
que me dilacera a carne com doçura,
que me estrangula a alma com palavras doces,
que me abandona permanecendo presente,
que me despreza atenciosamente,
que me aperta a garganta com mão suave,
que me sangra o ventre e me ampara,
que me esmaga cuidadosamente,
que me esquece oferecendo o ombro amigo,
que me aniquila com dedicação,
vá com cuidado pro inferno,
que eu te odeio com todo o meu carinho.
28.8.05
26.8.05
Não quero falar, nem escrever.
Não quero ver,
nem saber o que me toca.
Não quero pensar nos olhos, nem na boca,
nem naquilo que me falta.
Se me salva, ou se me mata,
Não quero saber. Eu tento
esquecer a dor e o desalento.
Não quero falar do que se passa.
Eu só quero que caia sobre o mundo
um silêncio de crepúsculo, de sepulcro,
uma escuridão de nunca e fundo,
um vazio.
Antes era tudo.
Agora é nada, negro, mudo.
Não quero ver,
nem saber o que me toca.
Não quero pensar nos olhos, nem na boca,
nem naquilo que me falta.
Se me salva, ou se me mata,
Não quero saber. Eu tento
esquecer a dor e o desalento.
Não quero falar do que se passa.
Eu só quero que caia sobre o mundo
um silêncio de crepúsculo, de sepulcro,
uma escuridão de nunca e fundo,
um vazio.
Antes era tudo.
Agora é nada, negro, mudo.
25.8.05
Autopsicografia
(Fernando Pessoa)
O poeta é fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
O poeta é fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
23.8.05
Esta noite eu sonhei contigo e, no meu sonho, você estava em toda a parte. Você era a carne crua, a água morna, um desconhecido, parte de mim, uma bandeja, um pavilhão, um velho amor, um novo amigo, um chuveiro,um telefone. E no meu sonho eu te encontrava, te comprava, te agredia, te ligava, te mergulhava, te buscava, te cobria, te acalmava, te flutuava, te perdia, te adentrava...
Você me afogava,
eu te sobrevivia.
Você me afogava,
eu te sobrevivia.
19.8.05
Eu acho que vi um gatinho...
:D
Tenho um certo pânico de cachorros, mas adoro gatos. Sempre quis ter um, bem manhoso, pra me fazer companhia, cafuné e carinho. Imaginava o meu gatinho um daqueles alaranjados, com o olho verde, e ia botar nele o nome de Michel, que parece nome de gato, parece "Miau"... Mas uns problemas "operacionais" me impedem de ter um gato aqui no apartamento (é o gato, ou a Quel, e sabe, né... ela dá menos despesa! hehehehehe). Mas agora dei um jeito de ter o meu gatinho: espiem lá embaixo no blog! O Michel vai ficar sempre aqui, vai receber todo mundo quando eu não estiver, e ele é muito brincalhão! Adora perseguir o cursor do mouse ou quando a gente brinca com ele com aquelas traquitanas que aparecem naquela janelinha do lado da cesta dele!
Tenho um certo pânico de cachorros, mas adoro gatos. Sempre quis ter um, bem manhoso, pra me fazer companhia, cafuné e carinho. Imaginava o meu gatinho um daqueles alaranjados, com o olho verde, e ia botar nele o nome de Michel, que parece nome de gato, parece "Miau"... Mas uns problemas "operacionais" me impedem de ter um gato aqui no apartamento (é o gato, ou a Quel, e sabe, né... ela dá menos despesa! hehehehehe). Mas agora dei um jeito de ter o meu gatinho: espiem lá embaixo no blog! O Michel vai ficar sempre aqui, vai receber todo mundo quando eu não estiver, e ele é muito brincalhão! Adora perseguir o cursor do mouse ou quando a gente brinca com ele com aquelas traquitanas que aparecem naquela janelinha do lado da cesta dele!
18.8.05
15.8.05
Poética do Abandono
A minha vida é saudade;
Nasci para sentir falta.
Eu sou um andarilho que caminha quase sempre só
levando um cajado e uma bolsa cheia de lembranças
dos amigos em outros continentes,
dos amores mal terminados,
e de todas as vezes que entreguei o coração a alguém que se foi.
A minha vida é sentir falta,
e a minha poesia é metafísica,
porque é conversar com quem já não mais está.
Eu caminho só
e só a ausência é quem me faz companhia.
Nasci para sentir falta.
Eu sou um andarilho que caminha quase sempre só
levando um cajado e uma bolsa cheia de lembranças
dos amigos em outros continentes,
dos amores mal terminados,
e de todas as vezes que entreguei o coração a alguém que se foi.
A minha vida é sentir falta,
e a minha poesia é metafísica,
porque é conversar com quem já não mais está.
Eu caminho só
e só a ausência é quem me faz companhia.
14.8.05
Pra Comemorar o Dia dos Pais
Esse ano percebi que eu tenho um pai daqueles pais de comercial de dia dos pais. Não, não é que o meu velho seja bonitão igual o Paulo Zulu, não! hehe... mas tinha um comercial desses que dizia: "Dê um presente para a pessoa que mais te admira no mundo". E essa pessoa, certamente, é meu pai.
Se eu fosse o Vinícius de Moraes mandava agora uma daquelas poesias lindas tipo as que ele escrevia pro filho, mas como eu sou só eu mesma... "pai, te amo, e obrigada por tudo".
8.8.05
Mar Interior
Navegando novas águas...
No universo simbólico dos mitos e arquétipos o mar é um símbolo muito forte de tudo o que é feminino, fluido, emocional, abrigo e abismo. O oceano é uma metáfora forte do nosso inconsciente, o vasto lugar que guarda nossas emoções mais acolhedoras e também os monstros mais assustadores. Para a psicologia analítica, trazemos dentro de nós um mar a ser navegado e desvendado. Esta é, talvez, a fonte da longevidade do verso "navegar é preciso".
Assim sendo, não pude deixar de me espantar esta tarde em plena aula de fisiologia. O professor falava sobre homeostase, que é o equilíbrio constante (e fundamental para a existência da vida!) que existe nos fluídos do nosso corpo e em todas as nossas células. Ele explicava que a vida surgiu no oceano pois a sua água oferecia justamente as tão necessárias condições estáveis de temperatura , concentração, salinidade, etc. Com o tempo e a evolução, os organismos desenvolveram a capacidade de manter por si a homeostase, o que permitiu que a vida conquistasse novos ambientes. E, dizia ele, a verdade é que os fluídos corpóreos dos seres vivos, os líquidos existentes dentro e fora de nossas células, encontram o seu equilíbrio em condições de concentração e salinidade que são em tudo similares àquelas encontradas na água do mar!
Em poucas palavras: os seres vivos puderam sair do oceano, este útero primitivo que nos acolheu e nos formou, porque eles aprenderam a trazer o oceano dentro de si.
Navegantes, naveguemos...
No universo simbólico dos mitos e arquétipos o mar é um símbolo muito forte de tudo o que é feminino, fluido, emocional, abrigo e abismo. O oceano é uma metáfora forte do nosso inconsciente, o vasto lugar que guarda nossas emoções mais acolhedoras e também os monstros mais assustadores. Para a psicologia analítica, trazemos dentro de nós um mar a ser navegado e desvendado. Esta é, talvez, a fonte da longevidade do verso "navegar é preciso".
Assim sendo, não pude deixar de me espantar esta tarde em plena aula de fisiologia. O professor falava sobre homeostase, que é o equilíbrio constante (e fundamental para a existência da vida!) que existe nos fluídos do nosso corpo e em todas as nossas células. Ele explicava que a vida surgiu no oceano pois a sua água oferecia justamente as tão necessárias condições estáveis de temperatura , concentração, salinidade, etc. Com o tempo e a evolução, os organismos desenvolveram a capacidade de manter por si a homeostase, o que permitiu que a vida conquistasse novos ambientes. E, dizia ele, a verdade é que os fluídos corpóreos dos seres vivos, os líquidos existentes dentro e fora de nossas células, encontram o seu equilíbrio em condições de concentração e salinidade que são em tudo similares àquelas encontradas na água do mar!
Em poucas palavras: os seres vivos puderam sair do oceano, este útero primitivo que nos acolheu e nos formou, porque eles aprenderam a trazer o oceano dentro de si.
Navegantes, naveguemos...
7.8.05
Quadrinhas e Saudades
Saudoso amigo, que falta sinto
de você e de tudo o que fazíamos juntos,
das horas perdidas com qualquer assunto
regadas a cerveja, mate e vinho tinto.
Estar na praia e ver nascer o dia,
ou ver você gastar toda a sua didática
pra me dar uma dica importante de informática.
Você era a minha melhor companhia.
E no entanto, agora tudo está mudado.
A vida nos fez uma dupla partida.
Eu estudante, você formado,
morando naquela cidade poluída.
Na minha memória você vai ficar
sempre como uma lembrança querida.
Espero que a gente saiba encaixar
uma velha amizade numa nova vida.
(Taí. Um poeminha engraçadinho e despretensioso, só pra reestabelecer o fluxo sanguíneo na minha veia poética!)
de você e de tudo o que fazíamos juntos,
das horas perdidas com qualquer assunto
regadas a cerveja, mate e vinho tinto.
Estar na praia e ver nascer o dia,
ou ver você gastar toda a sua didática
pra me dar uma dica importante de informática.
Você era a minha melhor companhia.
E no entanto, agora tudo está mudado.
A vida nos fez uma dupla partida.
Eu estudante, você formado,
morando naquela cidade poluída.
Na minha memória você vai ficar
sempre como uma lembrança querida.
Espero que a gente saiba encaixar
uma velha amizade numa nova vida.
(Taí. Um poeminha engraçadinho e despretensioso, só pra reestabelecer o fluxo sanguíneo na minha veia poética!)
5.8.05
4.8.05
Que se danem os nós
(Ana Carolina)
"Vim gastando meus sapatos
Me livrando de alguns pesos
Perdoando meus enganos
Desfazendo minhas malas
Talvez assim chegar mais perto
Vim achei que eu me acompanhava
E ficava confiante
Outra hora era o nada
A vida presa num barbante
E eu quem dava o nó
Eu lembrava de nós dois
mas já cansava de esperar
E tão só eu me sentia e seguia a procurar
Esse algo alguma coisa alguém
que fosse me acompanhar
Se há alguém no ar
Responda se eu chamar
Alguém gritou meu nome
Ou eu quis escutar?
Vem eu sei que tá tão perto
E por que não me responde
Se também tuas esperas
te levaram pra bem longe
É longe esse lugar
Vem nunca é tarde ou distante
Pra te contar os meus segredos
A vida solta num instante
Tenho coragem tenho medo sim
Que se danem os nós"
Mais uma música da Ana Carolina que me faz pensar em muita coisa que anda acontecendo comigo. Perdas e ganhos, pessoas que ficam e pessoas que se vão, e descobertas sobre quem eu sou e o que eu quero... Bem, na verdade, por enquanto, muito mais perguntas do que descobertas, mas um dia eu chego lá.
"Vim gastando meus sapatos
Me livrando de alguns pesos
Perdoando meus enganos
Desfazendo minhas malas
Talvez assim chegar mais perto
Vim achei que eu me acompanhava
E ficava confiante
Outra hora era o nada
A vida presa num barbante
E eu quem dava o nó
Eu lembrava de nós dois
mas já cansava de esperar
E tão só eu me sentia e seguia a procurar
Esse algo alguma coisa alguém
que fosse me acompanhar
Se há alguém no ar
Responda se eu chamar
Alguém gritou meu nome
Ou eu quis escutar?
Vem eu sei que tá tão perto
E por que não me responde
Se também tuas esperas
te levaram pra bem longe
É longe esse lugar
Vem nunca é tarde ou distante
Pra te contar os meus segredos
A vida solta num instante
Tenho coragem tenho medo sim
Que se danem os nós"
Mais uma música da Ana Carolina que me faz pensar em muita coisa que anda acontecendo comigo. Perdas e ganhos, pessoas que ficam e pessoas que se vão, e descobertas sobre quem eu sou e o que eu quero... Bem, na verdade, por enquanto, muito mais perguntas do que descobertas, mas um dia eu chego lá.
1.8.05
Ok, it is official: I´m having an author´s blog... I mean, block!
hehehehehehe
Enquanto a "inspiração" não vem, e até para ajudá-la a achar o caminho de volta pra casa (essa filha pródiga...), lá vão algumas citações que encontrei sobre o difícil assunto do amor que tanto se busca e tão raramente se encontra:
"Sabe o que é melhor do que ser bandalho ou galinha? Amar.
O amor é a verdadeira sacanagem."
Tom Jobim
"A vida é a arte do encontro, apesar de haver tanto desencontro pela vida."
Vinícius de Moraes
"And love is either
In your heart or on its way"
Frank Sinatra
hehehehehehe
Enquanto a "inspiração" não vem, e até para ajudá-la a achar o caminho de volta pra casa (essa filha pródiga...), lá vão algumas citações que encontrei sobre o difícil assunto do amor que tanto se busca e tão raramente se encontra:
"Sabe o que é melhor do que ser bandalho ou galinha? Amar.
O amor é a verdadeira sacanagem."
Tom Jobim
"A vida é a arte do encontro, apesar de haver tanto desencontro pela vida."
Vinícius de Moraes
"And love is either
In your heart or on its way"
Frank Sinatra
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