Esses dias eu estava lendo a reportagem da Veja sobre “traição virtual” e algumas passagens do texto me deixaram ASSUSTADA.
Os tais especialistas consultados inventaram uma coisa que eles estão chamando de “traição branca”, ou seja, sem sexo. Eles qualificam relacionamentos virtuais de um dos cônjuges com pessoas de outro sexo como a tal da “traição branca” quando se trata de conversas que denotam um certo grau de intimidade, de familiaridade, conversas nas quais ocorrem confissões e outras demonstrações de proximidade emocional. E dizem que essa tal de traição branca é efetivamente capaz de abalar um relacionamento.
Isso me espantou de verdade. Pra começar, se é que esses tais especialistas (psicólogos e similares... o que me espera quando eu me formar??) sabem mesmo do que é que eles estão falando, podemos assumir que eles refletem em seu discurso uma visão que é amplamente difundida na sociedade. Algo como “É consenso no consultório que...”. O que seria, na verdade, a única justificativa para que se ouça o que eles têm a dizer em uma revista de circulação nacional. Então, pelo menos por hora, vamos assumir que este seja um ponto de vista generalizado...
Bem, ou muito me engano, ou esse tipo de relacionamento que ocorre com intimidade, familiaridade, confissões e outras demonstrações de proximidade emocional sem envolvimento sexual antigamente tinha um outro nome, que era AMIZADE. E se vamos partir agora pra um nível de possessividade num relacionamento que é tão grande ao ponto de se cogitar que um casamento possa ser abalado por uma simples amizade, acredito que a nossa visão sobre este tipo de vínculo precisa ser reavaliada urgentemente.
O artigo não faz essa distinção, mas subentende-se que os tais especialistas diferenciam a antiga amizade dessa nova “traição branca” com base em um conceito: o fato de que a amizade se dá entre pessoas do mesmo sexo, e a tal “T.B.” (pra encurtar a bobagem) entre indivíduos de sexos diferentes. E se for isso mesmo, fico ainda mais preocupada, pois isso seria um sinal de que estaríamos nos rendendo de volta a uma visão muito antiquada e machista de que a boa e velha amizade simplesmente é algo que não existe entre homem e mulher.
De duas, uma ( e parece que pelo menos desta vez serei capaz de chegar a alguma conclusão):
1) ou é preciso rever com muito cuidado os nossos pontos de vista sobre até onde vai a nossa liberdade pessoal dentro de um relacionamento como um casamento, já que há muito se sabe que essa coisa de 2 que se casam e viram 1 nunca deu nem dará certo;
2) ou então tem “especialista” por aí querendo ganhar dinheiro em cima de criar um problema novo sobre algo que não só nos é familiar, como também nunca foi nem deveria ser um problema.
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Se você acompanha regularmente este blog e está desapontado porque eu havia dito que não fazia “post raciocínio”, só “post sentimento”... pois é, em 2006 até agora estou sentindo com a cabeça! heheheheheheeh