17.10.18

Preguntaréis: ¿Y dónde están las lilas?
¿Y la metafísica cubierta de amapolas? 
¿Y la lluvia que a menudo golpeaba 
sus palabras llenándolas
 de agujeros y de pájaros?

Preguntaréis ¿por qué su poesía
no nos habla del sueño, de las hojas, 
de los grandes volcanes de su país natal?

Venid a ver la sangre por las calles, 
venid a ver
la sangre por las calles,
¡Venid a ver la sangre 
por las calles! 

( Pablo Neruda: España en el corazón, 1937)  

10.7.18

Eu não devia te dizer
Mas essa lua
Mas esse conhaque
Botam a gente comovido como o diabo

Carlos Drummond de Andrade

29.6.18

Sentimento do Mundo

Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio de escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor.

Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.

Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.

Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microcopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrados
ao amanhecer

esse amanhecer
mais noite que a noite.

(Carlos Drummond de Andrade)