23.1.07

"É preciso elevar um protesto enérgico quando são rotulados como imorais aqueles que determinam o seu comportamento social tomando por base as leis interiores em vez dos códigos externos compulsivos. Um homem e uma mulher são marido e mulher não porque tenham recebido o sacramento, mas porque se sentem como marido e mulher. A lei íntima, e não a lei exterior, é a medida da verdadeira liberdade. O fanatismo moralista é o inimigo mais perigoso da moralidade natural. O fanatismo moralista não pode ser combatido com outra forma de moralidade compulsiva, mas tão somente com o conhecimento da lei natural do processo sexual. O comportamento moral natural pressupõe o livre desenvolvimento do processo natural da vida. Por outro lado, caminham de mãos dadas a moralidade compulsiva e a sexualidade patológica.
A linha de compulsão é a linha de menor resistência. É mais fácil exigir disciplina e impô-la autoritariamente do que ensinar as crianças a sentirem prazer no trabalho independente, e a assumir uma atitude natural diante da sexualidade. É mais fácil declarar-se a si mesmo um fûhrer onisciente enviado por Deus, e decretar o que milhões de pesoas devem pensar e fazer, do que se expor à luta do choque de opiniões entre a racionalidade e a irracionalidade. É mais fácil insistir na satisfação legal do respeito e do amor, do que conquistar a amizade por meio deum comportamento bondoso. É mais fácil vender a própria independência com vistas à segurança material, do que levar uma existência reponsável e livre, e ser o senhor de si mesmo. É mais conveniente ditar o comportamento aos subordinados, do que guiar esse comportamento protegendo aquilo que apresenta de singular. É por isso também que a ditadura é sempre mais fácil que a verdadeira democracia. É por isso que o satisfeito líder democrático inveja o ditador e procura, incompetentemente, imitá-lo. É fácil pretender aquilo que é um lugar-comum. É difícil pretender a verdade.”

(Wilhelm Reich, A Função do Orgasmo)

10.1.07

A Difícil Fronteira

"Foi só depois que aprendi a gostar de mim que comecei a me livrar de tudo o que não fosse saudavél: pessoas, tarefas, toda e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo. Hoje sei que se chama amor próprio."

Não sei de quem é este pequeno texto. Já o encontrei em orkuts de pessoas variadas, mas sempre sem autoria. Encaixa perfeitamente em coisas que eu estou vivendo agora. Não é tarefa fácil encontrar o limite entre o egoísmo e o amor próprio, a linha que separa a falta de respeito pelo outro do respeito por si mesmo. Não é fácil saber que em certos casos não há como se proteger sem magoar outrem. Eu tinha muitas vezes uma postura de me sacrificar para não ter que partir para cima de ninguém, que talvez se deva à minha educação católica, ou talvez a pensar que eu não tinha o direito de delimitar as minhas fronteiras, mas, ainda que a gente perca algumas coisas conforme envelhece, ganha uma outra muito importante: senso de valor. Algumas coisas aprendi, e uma delas foi que se eu não cuidar de mim, ninguém mais vai.

9.1.07

Galileu, Gleiser, Geminianos e outros Grandes Mistérios…

A edição 186 da Revista Galileu, de janeiro de 2007, traz uma reportagem de capa sobre um grupo de cientistas que ergue a bandeira da fé cega na ciência em contrapartida ao fundamentalismo cristão que assola o Ocidente. Nada contra manter Darwin no currículo de biologia ao invés da idéia de que Deus criou o mundo em 7 dias, mas na mesma edição da revista, um outro texto me fez pensar no quanto a ciência é pretensiosa em se anunciar como a portadora de toda a verdade sobre um Universo acerca do qual tão pouco conhecemos.
O artigo em questão é o texto de Marcelo Gleiser (o físico bonitão – hehe – do Fantástico) sobre do que o Universo é feito. Transcrevo-o abaixo, mas para quem quiser o link direto, é só clicar aqui.
Neste texto o professor nos conta que apenas 5% do universo é composto de matéria tal como a conhecemos – feita de neutrons, prótons e eletrons. Outros 25% do “material de construção” de nossa realidade é a chamada “matéria escura”: sabemos que ela existe devido à sua força gravitacional, e sabemos que ela não é feita de protons e elétrons, mas não sabemos do que é feita então. E, para piorar, os 70% restantes compõem-se do que chamamos de “energia escura”, da qual não conhecemos a natureza, mas sabemos que não é formada por partículas, mas sim espalha-se por todo o cosmos como uma sopa de energia.
Impossível não pensar em todas as implicações mais malucas e metafísicas. A primeira delas, como já mencionei acima, é constatar que uma ciência que conhece apenas 5% daquilo que nos cerca não pode estar sendo senão mentirosa ao afirmar que pode nos dizer com certeza o que é e o que não é possível ou existente, nos assuntos mais variados, que vão desde a mecânica quântica até os limites da metafísica.
Sim, pois quem é que pode nos afirmar, por exemplo, que a astrologia não tenha algum tipo de fundamento, se estamos nós e os planetas todos mergulhados em uma sopa de energia feita de algo que não conhecemos, que não medimos e que não controlamos, cujas propriedades ignoramos totalmente? Podemos tanto imaginar que o seu posicionamento nos afeta, como imaginar que não, e qualquer uma das possibilidades não teremos como provar ou refutar antes de entender o que é a energia escura.
Antes de conhecer a natureza desta energia escura não podemos dizer que não haja alguma forma de verdade nas práticas orientais como o feng shui; não podemos refutar a existência dos chackras, nem da aura, nem dos meridianos energéticos da medicina oriental. Não podemos relegar práticas espirituais como o passe dos espíritas ao reino da crendice ou da superstição, mas apenas ao reino daquilo que ainda não temos como investigar.

Saudemos o ano novo com a mente aberta!

Tatiana, Geminiana com ascendente em Leão, Espírita Kardecista e Xereta Profissional! :)

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HORIZONTES
Escuridão cósmica
Como todo modelo científico, o Big Bang tem suas lacunas. A maior de todas é o mistério sobre a matéria e a energia escuras

A cosmologia - a parte da física que estuda as propriedades do Universo - tem passado por momentos emocionantes. O assunto, como escrevi para a reportagem de capa de Galileu de novembro, é bem controverso. A origem do Universo, ou como surgiu "tudo", é algo que mexe com as pessoas, despertando apaixonadas discussões. Nos quase 80 anos desde que o astrônomo americano Edwin Hubble descobriu que as galáxias distantes estão se afastando da nossa Via Láctea, o modelo do Big Bang tomou corpo e aceitação na comunidade científica: o prêmio Nobel de 2006 foi para John Mather e George Smoot, ambos responsáveis por observações que provaram conclusivamente que o Universo teve, de fato, uma infância muito quente e densa como prevê o Big Bang.
Porém, como todo bom modelo científico, o Big Bang também tem suas limitações. Existem várias lacunas ainda não explicadas, tanto nos primórdios da história cósmica, durante os primeiros centésimos de milésimo de segundo após o "bang", quanto, pasme caro leitor, no Cosmo atual.
Por incrível que pareça, não sabemos do que o Universo é feito. Ou melhor, qual a composição da matéria que preenche o Cosmo. A situação enfrentada pelos cosmólogos é semelhante à de um cozinheiro que sabe que precisa de três ingredientes para fazer o seu bolo, sabe a quantidade necessária de cada ingrediente, mas só conhece um deles.
O ingrediente conhecido, claro, é a matéria normal, feita de prótons e elétrons, que compõem tudo o que existe, das pedras e borboletas aos anéis de Saturno e as estrelas. O problema é que medidas obtidas nas últimas décadas indicam que essa matéria normal é a minoria absoluta no Cosmo. Para ser mais preciso, apenas 5% da matéria cósmica. E os outros 95%? Em torno de 1930, o astrônomo Fritz Zwicky demonstrou que galáxias que coexistem em aglomerados - grupos de galáxias que, atraídas pela própria gravidade, giram em torno de si mesmas como moscas em torno de uma lata de lixo - comportam-se como se atraídas por muito mais matéria do que aquela visível. Mais tarde, ficou claro que em torno de 90% da matéria em aglomerados e mesmo em galáxias individuais é invisível a olho nu.
O estranho é que essa matéria não é composta de elétrons e prótons como os nossos átomos. Sabemos que ela existe devido à sua força gravitacional, mas não sabemos do que é feita. Por isso, essa matéria foi batizada de "matéria escura". Medidas das velocidades de galáxias em aglomerados e das propriedades da radiação de fundo cósmico - a radiação de microondas que banha o cosmo - indicam que aproximadamente 25% da matéria cósmica é matéria escura. Somando com os 5% de matéria normal, chegamos a 30%. Faltam os outros 70%.
Em 1998, outra descoberta astronômica sacudiu o mundo científico. Objetos muito distantes e brilhantes, conhecidos como supernovas do tipo Ia, parecem estar se afastando menos rapidamente do que a expansão prevista pelo Big Bang. Menos rapidamente com relação a quê? A objetos mais próximos. Como a luz vinda de objetos distantes deixou-os no passado remoto, a conclusão é fantástica: em torno de 10 bilhões de anos atrás, o Universo resolveu acelerar sua taxa de expansão, como se uma espécie de antigravidade tivesse passado a agir. A questão, claro, é o que pode causar esse efeito? Vários candidatos foram propostos para descrever essa "energia escura", que nem cara de matéria tem, não sendo formada por partículas, mas, sim, espalhada pelo Cosmo como uma sopa de energia. Sabemos que ela ocupa precisamente os outros 70% da receita cósmica. O desafio agora é descobrir o que são essa matéria e energia escuras. Quem acha que não existe emoção em ciência não sabe o que está perdendo!

Marcelo Gleiser, de 47 anos, é professor do Dartmouth College, nos Estados Unidos, e autor de cinco livros sobre ciência e conhecimento



5.1.07

Resoluções de Ano Novo

Sabe aquele filme "2010, o ano em que fizemos contato*" ?
Estou achando que o tema deste ano vai ser "2007, o ano em que fizemos regime"!
hauhauahuahuauahuha
afff, ninguém merece ser fotografado depois do natal e do ano novo!

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* (junto com "2001, uma odisséia no espaço", este filme é parte de uma dupla inesquecível baseada na obra de Arthur Clarke - adoro ficção científica!)