"Ai de mim,(...)
Eu venho sempre à tona de todos os naufrágios!"
(Mário Quintana - A Carta)
30.10.05
26.10.05
20.10.05
18.10.05
Soneto de Êxtase
Por detrás daquele véu
nuvioso, ela me via
enquanto eu encarava o papel
procurando uma poesia
que pudesse imortalizar
o que, até então, somente ela sabia:
que houvera um brilho em teu olhar,
e momentos de magia;
que houvera música no ar,
e uma luz se acendera no breu
dissipando toda a treva;
e que estivéramos ambas a brilhar:
ela, lua, nua no céu,
eu, tua, nua na terra!
nuvioso, ela me via
enquanto eu encarava o papel
procurando uma poesia
que pudesse imortalizar
o que, até então, somente ela sabia:
que houvera um brilho em teu olhar,
e momentos de magia;
que houvera música no ar,
e uma luz se acendera no breu
dissipando toda a treva;
e que estivéramos ambas a brilhar:
ela, lua, nua no céu,
eu, tua, nua na terra!
9.10.05
Tímida Intimidade
A tua presença premente
povoa de medo e desejo
a minha solidão.
Temo essa vida doente,
esse viver de quem mente
a seu próprio coração.
Não quero acordar, de repente,
pacificamente domada;
dos meus sonhos não posso abrir mão.
Mas não quero seguir pela estrada
completamente sozinha; então
talvez te peça para ser paciente,
para ser simples, para ser persistente,
para ser novo, ou se não, diferente
até eu ter a coragem de, contente,
deitar na tua a minha mão.
(Essa é para ser lida ao som de "O Último Romântico", do papa do pop existencial, o poeta Lulu Santos. Ah, esses Lulu Santos...
E para quem não se lembra:
"Faltava abandonar a velha escola,
tomar o mundo feito coca-cola,
fazer da minha vida sempre o meu passeio público,
e ao mesmo tempo fazer dela o meu caminho só, único.
Talvez eu seja o último romântico
nos litorais desse Oceano Atlântico.
Só falta reunir a zona norte, a zona sul,
iluminar a vida já que a morte cai do azul.
Só falta te querer, te ganhar e te perder,
falta eu acordar,
ser gente grande pra poder chorar.
Me dá um beijo e então
aperta a minha mão.
Tolice é viver a vida assim,
sem aventura.
Deixa ser pelo coração
Se é loucura, então melhor não ter razão" )
povoa de medo e desejo
a minha solidão.
Temo essa vida doente,
esse viver de quem mente
a seu próprio coração.
Não quero acordar, de repente,
pacificamente domada;
dos meus sonhos não posso abrir mão.
Mas não quero seguir pela estrada
completamente sozinha; então
talvez te peça para ser paciente,
para ser simples, para ser persistente,
para ser novo, ou se não, diferente
até eu ter a coragem de, contente,
deitar na tua a minha mão.
(Essa é para ser lida ao som de "O Último Romântico", do papa do pop existencial, o poeta Lulu Santos. Ah, esses Lulu Santos...
E para quem não se lembra:
"Faltava abandonar a velha escola,
tomar o mundo feito coca-cola,
fazer da minha vida sempre o meu passeio público,
e ao mesmo tempo fazer dela o meu caminho só, único.
Talvez eu seja o último romântico
nos litorais desse Oceano Atlântico.
Só falta reunir a zona norte, a zona sul,
iluminar a vida já que a morte cai do azul.
Só falta te querer, te ganhar e te perder,
falta eu acordar,
ser gente grande pra poder chorar.
Me dá um beijo e então
aperta a minha mão.
Tolice é viver a vida assim,
sem aventura.
Deixa ser pelo coração
Se é loucura, então melhor não ter razão" )
6.10.05
Maré Alta
Te querer...
e te temer...
te querer...
e te temer...
Quebram nas praias do peito
as ondas da emoção.
Eu assisto 'a beira-mar
a subida da arrebentação.
Te querer...
e te temer...
te querer, te querer...
e te temer...
Subitamente me dou conta
de não estar com os pés no chão
mas sim em mar aberto
numa pequena embarcação
te querer, te querer...
e te temer...
te querer, te querer, te querer...
e te temer...
te querer...
e te temer...
Quebram nas praias do peito
as ondas da emoção.
Eu assisto 'a beira-mar
a subida da arrebentação.
Te querer...
e te temer...
te querer, te querer...
e te temer...
Subitamente me dou conta
de não estar com os pés no chão
mas sim em mar aberto
numa pequena embarcação
te querer, te querer...
e te temer...
te querer, te querer, te querer...
2.10.05
"Hoje de manhã saí muito cedo,
Por ter acordado ainda muito mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer...
Não sabia que caminho tomar
Mas o vento soprava forte,
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.
Assim tem sido sempre a minha vida, e assim quero que possa ser sempre -
Vou onde o vento me leva e não me deixo pensar."
(Mais uma do Alberto Caieiro. Essa vai carinhosamente de presente pro Marcelo, pra coroar aquela nossa conversa sobre estar disponível para as coisas que a vida nos oferece... Aprendendo a ser pétala flutuando ao vento, folha sendo levada rio abaixo!)
Por ter acordado ainda muito mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer...
Não sabia que caminho tomar
Mas o vento soprava forte,
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.
Assim tem sido sempre a minha vida, e assim quero que possa ser sempre -
Vou onde o vento me leva e não me deixo pensar."
(Mais uma do Alberto Caieiro. Essa vai carinhosamente de presente pro Marcelo, pra coroar aquela nossa conversa sobre estar disponível para as coisas que a vida nos oferece... Aprendendo a ser pétala flutuando ao vento, folha sendo levada rio abaixo!)
1.10.05
"Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhaninha cedo, pela estrada,
E que para de onde vem volta depois,
Quase à noitinha, pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças - tinha só que ter rodas...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelos brancos...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.
Ou então faziam de mim qualquer coisa diferente
E eu não sabia nada do que de mim faziam...
Mas eu não sou um carro, sou diferente,
Mas em que sou realmente diferente nunca me diriam."
(Alberto Caieiro)
Que vem a chiar, manhaninha cedo, pela estrada,
E que para de onde vem volta depois,
Quase à noitinha, pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças - tinha só que ter rodas...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelos brancos...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.
Ou então faziam de mim qualquer coisa diferente
E eu não sabia nada do que de mim faziam...
Mas eu não sou um carro, sou diferente,
Mas em que sou realmente diferente nunca me diriam."
(Alberto Caieiro)
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