30.9.04


tem hora em que todo mundo precisa de um apoio... Posted by Hello
Bombatomicamente me fiz em pedaços calmos
Achei-me partido em milhões, que não encaixavam
Corri ao corpo a sutura e me fiz de novo um inteiro.

Um todo partido,
um todo novo....
..... assustado!

27.9.04

O Guardador de Rebanhos

Sou um guardador de rebanhos,
O rebanho dos meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e com os pés
E com o nariz e com a boca.

Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.

(Alberto Caieiro)


Soneto de Separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

(Vinícius de Moraes)

26.9.04

Teresa

A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna

Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.

(Manoel Bandeira)

essa coisinha cor-de-rosa debaixo da árvore não é uma cerejinha... sou eu mesma! Posted by Hello

25.9.04

Chega de Saudade



Vai, minha tristeza,
e diz a ela que sem ela não pode ser.
Diz-lhe numa prece que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer.

Chega de saudade,
a realidade é que sem ela não há paz, não há beleza
é só tristeza e a melancolia
que não sai de mim, não sai...

Mas, se ela voltar, se ela voltar,
que coisa linda, que coisa louca
Pois hà menos peixinhos a nadar no mar
do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços
os abraços hão de ser milhões de abraços
apertado assim, colado assim
calado assim,
abraços e beijinhos
e carinhos sem ter fim,
que é para acabar com esse negócio
de você viver sem mim
não quero mais esse negócio
de você tão longe assim
vamos deixar desse negócio
de viver longe de mim